"Não foram necessários mais do que três ou quatro jogos como titular para se perceber que dificilmente o futebol português conseguiria manter João Neves por muito tempo.
A capacidade técnica que desde logo evidenciava, a raça com que disputava cada lance, a elasticidade com que superava adversários aparentemente mais robustos e, sobretudo, a personalidade com que mandava no meio-campo encarnado, rapidamente, fizeram dele um menino querido aos olhos dos adeptos do Benfica, e um alvo definido pelos tubarões do futebol europeu.
Infelizmente, as vicissitudes do mundo moderno e de uma liga portuguesa fraca e periférica não permitem reter estes jovens por cá. Foi assim com João Félix, com Darwin, com Enzo e com Gonçalo Ramos, só para citar os exemplos mais recentes.
Nenhum clube português tem condições de recusar 70 milhões de euros. A Lei Bosman, e mais tarde a entrada de fundos estatais do Médio Oriente, criaram uma clivagem entre as principais ligas e as restantes - independentemente da grandeza e do historial de clubes como o Benfica, o Ajax ou o Celtic. Podemos não gostar da realidade, mas ela impõe-se. Neste contexto, resta-nos vender bem e reinventar, de forma a alimentar o ciclo e manter a competividade desportiva em paralelo com a sustentabilidade financeira.
Há quem defenda que João Neves não deveria sair já, mas daqui a um ano. Acontece que o Benfica não condiciona o mercado. Tem de vencer quando aparecem propostas desta dimensão, e há comboios que não passam duas vezes.
Talento vai, talento vem. Se recuperar fisicamente das mazelas que o têm atormentado, Renato Sanches pode ser o substituto ideal de João Neves. Também ele, no pico de valorização, tivera de sair. Volta mais cedo do que se esperava, bem a tempo de relançar a carreira e ajudar o Benfica a conquistar títulos."
Luís Fialho, in O Benfica
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