"Na entrevista da passada semana, que serviu para promover a candidatura à presidência do FC Porto, André Villas-Boas afirmou que o Benfica tem tendência para estar acima da Lei ou de prevaricar com esta em várias situações. Esta consideração é uma resposta à posição publicamente assumida por Rui Costa numa assembleia geral do seu clube em relação à futura centralização dos direitos televisivos. Nesta reunião magna, o presidente do Benfica afirmou, em tom populista, que não aceitará (nem cumprirá) a centralização se vier a ser prejudicial à sua instituição.
Ora, o que me parece defensável do ponto de vista benfiquista (e que Villas-Boas irá sempre recusar reconhecer ou quererá contornar) assenta no facto de ser legítimo ao Benfica ter de ser, necessariamente, mais recompensado que qualquer outro em Portugal aquando da repartição desses mesmos direitos. Há factos e condições incontornáveis nos modelos que vigoram noutros países:
- Em Inglaterra, 50% dos direitos de transmissão são entregues de forma igualitária entre os participantes, 25% vão para a posição na tabela classificativa final e 25% para a audiência que cada um confere às televisões;
- Em Espanha, 50% também se divide igual por todos os clubes, 25% são de acordo com o cálculo da classificação nas últimas 5 temporadas e 25% resulta da «implantação social» (audiências televisivas e bilhética);
- Em França, 50% também é para todos de igual, 30% dependerá da classificação final e 20% vai para aquilo que cada clube contribuir na audiência televisiva;
- Em Itália, 50% é igual para todos, 30% vai para o desempenho e 20% pelo número de sócios, adeptos e simpatizantes.
Assim, em qualquer modelo que se pense fixar em Portugal, a SAD benfiquista partirá sempre em vantagem. Isto não é estar acima da Lei, nem prevaricá-la. É o futebol português por onde Villas-Boas passou, conforme disse, como scout, analista, treinador adjunto e principal da instituição à qual se irá candidatar. Se quiser ganhar pontos na seriedade, quer para os seus consócios, quer para terceiros, pode começar por referir que não se voltarão a repetir processos como, por exemplo, Apito Dourado, Apito Final e as comissões da Altice."
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