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sábado, 25 de novembro de 2023

A Taça de Portugal, um milagre e Pinto da Costa


"Estávamos em Maio de 1997 e o Benfica entrava no Jamor para disputar a final da Taça de Portugal com o Boavista. Tinha então 23 conquistas e era de longe o clube hegemónico na competição. Basta referir que nessa altura Porto e Sporting juntos somavam 20 troféus. O Glorioso tinha mais Taças que os outros dois Grandes juntos. Mas os encarnados perderam essa final para o Boavista e desde então, já lá vão 26 anos, só a voltaram a conquistar por 3 vezes. Desde aí o Sporting venceu 5 vezes e o Porto 11 vezes. É urgente que o Benfica volte a valorizar a Taça de Portugal, uma competição cheia de magia e histórias de encantar, mas que por algum motivo o clube da Luz perdeu o romantismo para com ela (que se eu tivesse que explicar, diria que tem a ver com a visão mercantilista de quem geriu o clube nas últimas décadas: a Taça de Portugal não dá dinheiro, logo a prioridade sempre foi muito baixa). Umas vezes por mérito do adversário, mas várias vezes por menosprezar a competição, poucas vezes têm tido os adeptos do clube da águia o privilégio e a satisfação de desfrutar da tarde no Jamor, sempre o dia mais belo do futebol português. Esperemos que este ano o clube faça uma longa caminhada na competição e que a vença. E já agora, a Taça da Liga também, porque a história já tem semelhanças: Nas primeiras 9 edições, o Benfica venceu 7 vezes, mas desde 2016 nem mais uma conquista...
Na última crónica tinha referido a esperança de um milagre contra o Sporting. E ele aconteceu. Num jogo equilibrado e em que o empate seria o resultado mais justo, já todo o Estádio da Luz se preparava para o momento em que o árbitro ia apitar para o final e todos íamos assobiar a equipa, encolher os ombros e ir para a casa com a tristeza de já ver os vizinhos rivais a 6 pontos de distância, quando aconteceu o tal milagre. O futebol tem estes momentos mágicos. Em 5 minutos tudo virou do avesso e quando Artur Soares Dias apitou para o final éramos líderes do campeonato e com uma euforia poucas vezes vista. Foi histórico, foi icónico, foi raro. O que vivemos naqueles 5 minutos, num derby, já em descontos, é daquelas experiências que qualquer adepto de futebol sonha viver. Daqui a muitos anos todos saberemos onde estávamos quando o Benfica perdia com o Sporting aos 93 minutos e 5 minutos depois estava 2-1. Aproveitemos este momento mágico para crescermos. Porque não estava tudo mal antes do jogo, mas não está tudo bem agora. Roger Schmidt e a equipa precisam de consolidar, se queremos ser bicampeões.
Quer queiramos, quer não, a História dos últimos 40 anos do Benfica está intimamente ligada a Pinto da Costa. Nunca o Sport Lisboa e Benfica teve um rival tão forte e tão duro como o dirigente portista (fosse ele a escrever isto e diria inimigo e não rival). Imagine-se o que seria se Pinto da Costa não tivesse nascido. Talvez o Benfica tivesse continuado a ser o clube hegemónico em Portugal, já andasse pelos 50 e tal campeonatos e o Porto talvez ainda nem aos 20 tivesse chegado. Nunca o saberemos. O que sabemos é que com Pinto da Costa o FC Porto ganhou muito. Muitíssimo. Dentro e fora de portas. Da forma que o foi, a História o julgará. Já que os tribunais não o fizeram.
Mas penso que assistimos ao início do fim desse longo reinado. Apesar de várias conquistas recentes com Sérgio Conceição, nunca mais o FC Porto foi totalmente hegemônico. Basta referir que desde o momento Kelvin, nos últimos 10 anos portanto, o clube venceu 3 campeonatos, contra 6 do Benfica e 1 do Sporting. Que a situação financeira é calamitosa e que a liderança do seu Presidente já não é inquestionável (e já agora, que o mesmo já tem 85 anos). Até a sua "guarda pretoriana" já dá demasiado nas vistas, pois já dispara para dentro. Quando andou estes anos todos a disparar para fora, poucos foram os portistas que se incomodaram. Mas agora incomoda.
É obrigação do Benfica parar de dar novas vidas a um animal ferido e focar-se em contribuir para que o FC Porto caia numa espécie de "Vietname" como o Benfica teve. Porque o nosso rival não anda tão longe disso, só que por várias razões também não está perto: é que o Benfica é muitas vezes incompetente e falta-lhe o espírito competitivo e de sobrevivência que o Porto tem. Estivesse o Benfica nas circunstâncias que o Porto está e ao tempo que já tinha caído numa crise profunda. Mas há que continuar a bater, porque um dia a casa vai abaixo. E aí, abre-se novamente o tapete vermelho da hegemonia para o Benfica (acreditando que o Sporting vai continuar a ser o clube inconstante que normalmente é, mais a mais, se um dia destes o Ruben Amorim sair de lá).
E agora felizmente terminou a paragem para as seleções and the show must go on! Benfica, o caminho é só um: Vencer, vencer, vencer!"

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