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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

«Podemos conviver com o Sporting», diz responsável máximo pela formação do Benfica


"Pedro Mil-Homens explica a A BOLA como os encarnados beneficiam da mudança da iniciação para o Estádio Universitário; e como estar lado a lado com o rival também pode ser oportunidade

—  Como nasce esta ideia de concentrar a iniciação do Benfica no Estádio Universitário e como foi depois executada?
— O Benfica sabia, há algum tempo, que a sua instalação-base em Lisboa, onde tem a iniciação, requeria expansão. Avaliámos as condições de expansão nos Pupilos do Exército e chegámos à conclusão de não seria a melhor opção. O Benfica procurava uma alternativa. A Universidade de Lisboa, na pessoa do seu reitor, desafiou-nos a pensar nessa alternativa e perguntou-nos se o Benfica estaria interessado, a exemplo do que se passa com o Sporting, em fazer uma parceria em termos idênticos.

— Isso significa o quê?
— Contribuir fazendo uma reabilitação de um conjunto de instalações desportivas e, em contrapartida, ter um conjunto de horas de utilização, que se iriam amortizando ao longo do tempo em função do investimento feito. O contacto talvez tenha acontecido em novembro ou dezembro e em janeiro tínhamos uma proposta de recuperação e de reabilitação das infraestruturas que entendíamos que faziam sentido. A decisão da Universidade de Lisboa foi rápida e o presidente do Benfica estava a assinar, em fevereiro, este contrato que tem uma validade para 10 anos. Idealmente as obras deveriam estar prontas a 1 de setembro, mas sabemos bem que há sempre razões de ordem vária e motivos que aparecem no percurso. Isso significou este arranque faseado que estamos a fazer.

«O Benfica ganha, sobretudo, espaço e um horizonte temporal grande.»

— Em termos práticos, o que ganha o Benfica, que tem dois polos em Lisboa, os Pupilos do Exército e Casa Pia?
— O futebol de iniciação do Benfica vai deixar esses polos, mas isso não quer dizer que outras modalidades deixem de usufruir desses espaços. No Estádio Universitário, o Benfica ganha melhores condições. Nos Pupilos do Exército trabalhava num campo, aqui vai poder trabalhar em três campos, com outras condições, melhores acessos para as famílias dos atletas, com um Estádio de Honra renovado. O Benfica ganha, sobretudo, espaço e um horizonte temporal grande. Não tínhamos condições de expansão nos Pupilos do Exército. Dispersávamo-nos pelos Pupilos, UrbanSoccer [Monsanto], Casa Pia e relvaod sintético da Luz. Neste momento concentramos toda a operação do futebol de iniciação de Lisboa em instalações renovadas, amplas e com perspetiva de, eventualmente, expansão, se as condições o permitirem. Ganhamos, sobretudo, espaço e concentramos a atividade num único polo.

— Tomou seguramente conhecimento, quando foi assinado o contrato, das críticas e sugestões de que o Benfica poderia estar a atirar o Sporting para fora do Estádio Universitário. Qual o comentário que isso lhe merece?
— É muito fácil de explicar. O Benfica foi convidado pelo reitor da Universidade de Lisboa para estudar a possibilidade de ter aqui uma parceria. E a mais óbvia era, naturalmente, no domínio do futebol de iniciação. Fui o primeiro a dizer ao reitor da Universidade de Lisboa que conviveríamos com o Sporting com a maior das facilidades. Também tive ocasião de dizer isso, pessoalmente, ao presidente do Sporting. É uma prova de que nós, Benfica e Sporting, somos capazes, nestes escalões etários, que classifico de futebol das crianças, de conviver de forma saudável. Tenho a certeza de que assim será e nós, ao longo dos anos, temos dado provas de que somos capazes de fazer isso. Não haverá qualquer dificuldade nesta convivência com o Sporting. O Sporting vai manter-se no Estádio Universitário. Não passaria pela cabeça de alguém, primeiro, que o Benfica colocasse essa questão, segundo, que a Universidade de Lisboa aceitasse isso. Se passou foi, certamente, nalguma rede social mal informada. Quando aqui estivermos instalados em pleno, estou convencido de que podemos, daqui a um tempo, voltar a conversar para lhe dar nota de como Benfica e Sporting foram capazes de conviver de forma saudável no futebol das crianças. Se não formos capazes, neste contexto, de ter essa convivência, não sei em que escalão etário é que a teremos. Estou seguro de que isso vai acontecer e de que não haverá qualquer dificuldade.

— Há alguma ideia de quando se poderá o Benfica tirar proveito concreto desta mudança para o Estádio Universitário ou é difícil pensar numa situação dessas?
— É muito difícil. Não temos uma perspetiva de rentabilização dentro de um espaço temporal. Com o enquadramento que temos, o número de equipas e jogadores que, temos uma perspetiva de dar melhores condições e, sobretudo, longevidade a este projeto. O futebol de iniciação do Benfica em Lisboa significa, dos sub-13 para baixo, cerca de 180 jogadores. Nesta atividade, quanto mais baixamos o escalão etário, mais alargamos o número de jogadores. Não há alguém que olhe para um miúdo com 6, 7 ou 8 anos e possa dizer: ‘Este sim, aquele não.’ Podemos dizer, isso sim, que estes têm condições. É uma atividade na qual a margem de erro é maior e precisamos de ter paciência e de dar tempo e espaço àqueles que apresentam sinais e condições de ter habilidade e depois condições naturais para o desenvolvimento das suas competências no futebol."

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