"Nos últimos tempos, o Sport Lisboa e Benfica tem enfrentado um autêntico dilema na posição de número oito. Este dilema tem-se vindo a acentuar nos últimos jogos do Benfica, jogos nos quais a equipa encarnada tem-se vindo a ressentir mais da ausência de um jogador como Enzo Fernández.
O médio que viria a ser o melhor jogador jovem do Mundial realizado no Catar foi vendido à beira do fecho do mercado de transferências, sem que o clube encarnado tivesse tempo de arranjar um substituto a altura, sendo Chiquinho foi o jogador escolhido para render o internacional argentino.
E a verdade é que, apesar do médio português já ter feito algumas boas exibições a jogar no meio-campo, nos jogos de grau de dificuldade, tem sido claramente visível que o nível de Chiquinho enquanto jogador é manifestamente insuficiente para aquilo que se exige no Benfica.
Quem quer que veja os jogos do Benfica com olhos de ver, percebe que Chiquinho não acrescenta à equipa aquilo que Enzo Fernández acrescentava. Sobretudo, a nível do passe de ruptura capaz de romper a defesa adversária e de isolar colegas de equipa na cara da baliza. Sendo que deu para perceber que esta equipa foi planeada de modo a ser construída à volta de um jogador como Enzo Fernández.
Para se ser uma ideia da influência de cada um na criação da equipa, basta verificar um aspecto muito simples: Chiquinho tem neste momento uma média de 0,8 passes-chave por jogo (passes que resultam em ocasiões de perigo) e não fez qualquer assistência, enquanto que Enzo Fernández, nos jogos que fez na Primeira Liga, registou cinco assistências e teve uma média de 1,8 passes-chave por jogo.
Gonçalo Ramos vs Rio Ave pic.twitter.com/le4si8FC6Q
— Bruno Francisco | Benfica em Análise 🔴⚪🦅 (@BrunoFrancisc89) February 7, 2023
Como se pode ver no vídeo, o médio argentino é um jogador com grande capacidade para variar o centro de jogo e fazer passes de ruptura capazes de rasgar as linhas adversárias, que resultavam assim em ocasiões de perigo para a equipa encarnada. Enquanto que Chiquinho, apesar de ser um jogador assertivo nas suas acções, é um jogador mais previsível na criação, arriscando pouco no passe.
No entanto, ao verificar o historial recente dos últimos anos nos três grandes, podemos verificar que a posição de número oito, é aquela onde um jogador diferenciado sobressai com maior facilidade e ganha mais visibilidade no mercado. Ao ponto de que, qualquer jogador que se destaque na posição, acaba por dar o salto ao fim de pouco tempo.
No caso do Benfica, há o exemplo de Enzo Pérez, um extremo que foi adaptado a um box-to-box por Jorge Jesus, juntando a criatividade e virtuosismo que já tinha como extremo à disponibilidade física e leitura e intensidade de jogo que veio a mostrar no miolo, acabando por ser vendido ao Valencia ao fim de dois anos e meio como titular.
Depois houve o caso de Renato Sanches, que sobressaiu na equipa principal na época 15/16, fruto acima de tudo, do facto de ter uma capacidade física muito acima da média para a sua idade, ao ponto de que ao fim de meia época como titular, acabou vendido ao Bayern Munique. Algo semelhante ao que aconteceu com Enzo Fernández.
Para além disso, também há exemplos bem recentes nos clubes rivais. Matheus Nunes foi vendido ao Wolverhampton por 45 milhões de euros depois de na época anterior se ter afirmado como titular indiscutível após a saída de João Mário; enquanto que no FC Porto Vitinha foi o melhor jogador do último campeonato e acabou por ser vendido ao PSG por 40 milhões de euros.
Em suma, a posição de número oito é uma posição com bastante impacto no rendimento da sua equipa e uma posição que necessita de uma renovação constante, em virtude do mercado que os grandes médios têm no nosso campeonato."
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