"No último dia 11 de novembro, foi lançado na Prime Video um documentário chamado The Factory of Dreams. Este documentário composto por quatro episódios com cerca de 25 minutos explica vários parâmetros de como funciona o Centro de Formação do Benfica, tendo feito ainda um resumo do percurso da equipa de juniores na última edição da Youth League.
Foi a primeira vez que o Sport Lisboa e Benfica se aventurou na criação de conteúdos deste género nestas plataformas. E por aquilo que pude ver, o feedback geral dos adeptos foi bastante positivo.
O meu ponto de vista também é bastante positivo face a este documentário, que permitiu abordar alguns pontos da forma como se trabalha na Academia do Benfica sem expor em excesso nem explicar a metodologia de forma demasiado detalhada. Neste documentário, foram explicados alguns pontos que, a meu entender, são pouco falados e sobre os quais farei aqui uma breve abordagem.
Ao princípio, a série falou sobre o processo de iniciação dos jogadores, no qual o Diretor Geral do Benfica Campus Pedro Mil-Homens explicou que atualmente, o processo passa por detetar jogadores talentosos o mais rápido possível, visto que vivemos numa era de globalização e de evolução digital, no qual as crianças passam mais tempo a jogar futebol nas consolas do que na rua.
Nesse aspeto, o clube revelou também uma atividade que considerei muito interessante. Tendo em conta que nos dias de hoje, as crianças passam cada vez menos tempo a jogar ou a ter outras atividades na rua, todos os escalões de formação do Benfica, desde os sub-7 aos sub-13 têm vários tipos de atividades, desde aeróbica a aulas de dança, de modo a desenvolver e a estimular as capacidades motoras dos jogadores.
Outra atividade que os jogadores deste escalão costumam ter é a prática de futebol num campo de futebol de salão. Jogar futebol num campo onde há tabelas e no qual a bola está sempre em jogo, aprimora os índices de concentração dos jogadores, bem como a sua capacidade de reação e a sua tomada de decisão.
Outra das questões mais abordadas no comentário é a adaptação dos jogadores ao Benfica e ao Seixal, explicando que muitos jogadores têm dificuldades em adaptar-se a uma nova realidade e à ausência dos pais e dos familiares. O jovem que já é aposta na equipa principal António Silva falou da sua história, na qual contou que regressou a casa ao fim de um ano por não ter conseguido ligar com a ausência da família, mas sem deixar de ser monitorizado pelo Benfica, tendo regressado ao Seixal no ano seguinte.
Já o ponta de lança Henrique Araújo, que trocou o CS Marítimo pelo Benfica aos 16 anos, contou que optou por dar de casa numa altura em que estivesse mais maduro e se sentisse mais preparado para lidar com a ausência da família e dos amigos. João Félix, que saiu de casa dos pais aos 11 anos, explicou que a mudança foi muito difícil para ele, mas que uma saída do ninho em idades precoces também ajuda os jogadores a tornarem-se independentes.
Rodrigo Magalhães, Coordenador Técnico do Benfica Campus, explicou que muitas crianças não estão preparadas para lidar com a ausência dos encarregados de educação. Como tal, a solução alternativa encontrada passou pela criação dos Centros de Formação e Treino. O Benfica possui vários Centros de Formação e Treino espalhados em vários pontos de norte a sul do país, criados através de protocolos com clubes ou autarquias locais, permitindo ao clube monitorizar jogadores de todo o país, chamando para o Seixal aqueles que apresentam maior potencial.
Quanto aos jogadores entrevistados, creio que a escolha não poderia ter sido melhor feita. João Cancelo e Rúben Dias são exemplos de jogadores formados no Seixal, que demonstraram ter a personalidade e a mentalidade certas para singrar no futebol mundial. Já António Silva e Henrique Araújo são jovens que ainda estão a dar os primeiros passos ao mais alto nível, mas que demonstram ter a cabeça no lugar e a mentalidade competitiva necessária para se afirmarem no Benfica e no futebol mundial."
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