"O trabalhador do desporto profissional, ou seja, remunerado, não é desportista e por isso não tem que estar sujeito às mesmas regras do desporto amador, nomeadamente com a verdade desportiva.
Não conhecemos, até à data, qualquer escola de formação de jornalistas desportivos, mas a julgar pelo que se vê, a formação não é de primeira água, já que não conseguem destrinçar entre desporto, que é amador, e modalidades profissionais, tais como futebol, ciclismo, pugilismo, halterofilismo e outras atividades que são remuneradas como quando se trata de qualquer emprego. Vem agora, 25 de Abril de 2022, alguma comunicação social mostrar-se “ALARMADA” com o uso do doping no ciclismo profissional, com o fundamento de que altera a verdade desportiva. Será que qualquer escola de jornalismo desportivo português não tem estudo de questões sociais e políticas, da sociedade portuguesa e não sabe caracterizar o chamado desporto profissional e o seu ambiente, fruto da miséria, do analfabetismo, da pouca formação do caráter e, sobre tudo, da exploração a que esses “trabalhadores” são sujeitos? O trabalhador do desporto profissional, ou seja, remunerado, não é desportista e por isso não tem que estar sujeito às mesmas regras do desporto amador, nomeadamente com a verdade desportiva. Mas o que é a dita verdade desportiva? Significa que é uma competição em que deve ganhar aquele que é melhor, em qualidades naturais, sem recorrer a qualquer tipo de ajuda adicional, ou seja, sem qualquer batota, ou ajuda considerada ilegal e ilegítima, de acordo com as regras estabelecidas pelas entidades que tutelam o desporto amador. Mas será que um indivíduo filho de um cidadão que receba o subsídio de reinserção social pode alimentar-se como um filho de um gestor público, de um médico, ou engenheiro, etc., etc., é evidente que o primeiro está em desvantagem e por isso para a compensar, será tentado a recorrer ao doping, para “corrigir”, essa injustiça social, embora esse ambiente não seja o de um clube de ténis no Estoril, mas sim de uma modalidade profissional, onde possa ir ganhar algum dinheiro.
O desporto amador, por regra, não recorre ao doping, pois os princípios e o respeito pelas regras, são respeitados, para que a verdade desportiva seja respeitada. É uma questão de honra, de dignidade e de respeito por si próprio e pelos outros, por isso é que o desporto amador precisa de controlo anti-doping ao contrário do desporto profissional, já que ali não se trata de desporto, mas de um emprego, que tem de ser mantido a qualquer preço. Por outro lado, a violência a que estão sujeitos os trabalhadores do desporto profissional é enorme, pois exige, todos os dias, os melhores resultados, sob pena de serem despedidos e voltarem ao ambiente de miséria da sua origem. Quando CR7, mostrou ao seu filho, adolescente, a casa onde tinha vivido em criança, ele não queria acreditar, já que ele só conheceu o pai como milionário, com trinta carros, aviões, hotéis, e negócios milionários, mas esse é um só e é o melhor do mundo. Em oposição estará o Victor Baptista, que depois de ser jogador de Futebol foi engraxador de rua e coveiro, tendo morrido na miséria. Mas alguém, que esteja atento ao desporto profissional (futebol), terá qualquer dúvida do que ali se passa, depois das denúncias do Ministério Público, acerca de atividades, fora da lei, que se praticam, de há anos a esta parte, nessas coletividades, em que certas pessoas ficam milionárias em pouco tempo?! E será que estão preocupados com a verdade desportiva? Hipocrisia, cinismo e miséria, fazem parte da luta de classes sociais no desporto, em que os mais desfavorecidos são trabalhadores e os outros são beneficiários do tempo livre e pagam para praticar desporto (amador), sendo uma questão de honra, nada fazerem para ganharem com batota, ou seja, preservando a verdade desportiva, como um fator da classe social mais favorecida. Não podemos esperar verdade desportiva vinda dos mais desprotegidos da sociedade. O Estado deve investir no controlo anti-doping nas escolas e faculdades, não no circo, na tauromaquia, no futebol profissional ou na Autoeuropa."
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