"Ainda a época futebolística não terminou, e as contas parecem todas feitas. O campeão nacional já está escolhido por jornalistas, comentadores, dirigentes da Liga e árbitros de futebol. Imaginem que até se fala de invencibilidade, quando todos sabemos como é tão mais fácil jogar contra dez e ter mais grandes penalidades assinaladas a favor do que qualquer outra equipa na Europa. Para uma equipa falida, regional, sem uma massa associativa de monta e com uma prestação mediana a nível europeu, é mais um milagre à moda dos anos 80.
Para o segundo classificado, o que não faltam também são elogios, seja ao treinador, seja aos jovens jogadores. Enchem a boca a falar da qualidade do futebol e do espectáculo, mas os números não mentem - nem 60 golos têm marcados nos 29 jogos do campeonato. Quem elogia só se esquece de dar uma palmadinha nas costas das instituições bancárias que permitem concorrência desleal com perdões de dívidas, no mínimo, invulgares.
Mas é do SL Benfica que eles gostam todos de falar. Uma miséria, dizem uns. Uma vergonha, dizem outros. Como é possível esta equipa estar em terceiro no campeonato português, perguntam, fingindo uma inocência há muito perdida. Sim, como é possível isto? Passo a explicar. Culpa nossa, claro - não vale a pena esconder isso, mas não apenas. Sempre que foi preciso, houve um fora de jogo mal marcado, uma grande penalidade por assinalar, um VAR que estava a dormir, uma agressão que ninguém viu ou um adversário em posição ilegal com influência direta no resultado. E de que serviu isso? De nada, porque o SL Benfica tinha obrigação de fazer melhor, é o velho argumento de quem se diz imparcial. Tivessem FC Porto e Sporting CP sido tratados da mesma forma que o Glorioso foi durante esta temporada, e os defensores da verdade desportiva já estariam deitados no chão a fazer uma birra, como criancinhas minadas que são. Mas como é o SL Benfica, deixa estar."
Ricardo Santos, in O Benfica
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