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terça-feira, 1 de março de 2022

As 4 piores épocas da história do SL Benfica


"Recorda quatro das piores épocas do SL Benfica. Acrescentarias alguma?

O SL Benfica vive mais uma de muitas épocas conturbadas. As permanentes questões judiciais deixam cheiro nauseabundo na vivência encarnada e incomodam quem ainda tenta impor o mínimo de rigor competitivo.
Nos últimos cinco anos, um título de campeão nacional, e a certeza de que a espera continuará por mais uma temporada, já que 2021-22 não transparece grandes ambições de sucesso final.
A escapatória Champions parece esvanecer-se, apesar da boa réplica ao AFC Ajax – o resultado é curto para sonhar com a passagem aos quartos de final, se quisermos ser realistas. No ar pairam já novas sensações de fracasso, de inaptidão e de um distanciamento brutal para os rivais diretos.
O tetra alcançado a meio da década passada permitiu sonhar com outro SL Benfica. Muito mais próximo do dominador das décadas de 60, 70 ou 80, que do moribundo dos anos 90.
Apesar da discrepância de qualidade individual em relação a esse período de seca, o SL Benfica de 2022 está muito próximo a nível de resultados e do profissionalismo a nível diretivo.
Se quisermos eleger algumas das piores épocas de sempre do clube, vemo-nos confrontados por uma limitação cronológica que tira logo muita da piada intrínseca às aventuras de pesquisa histórica: das 15 piores épocas de sempre em termos de aproveitamento de pontos, 12 contam-se desde 1988. Mais: nove delas são desde 1995-96.
Desse período do ’Vietname’ são quase todas – 1996/97, 98/99, 99/00, 00/01, 01/02, 04/05, 05/06, 07/08. Todas com menos de 60% de vitórias. Claro que 2004-05 estará fora desta questão pela importância do título conquistado, 2005-06 idem pela caminhada europeia.
Outras, com aproveitamento pontual acima do estipulado, também foram ponderadas – 2010-11, pelos momentos de fraqueza perante o maior rival, ou 2020-21, pela dualidade entre maior investimento de sempre e resultados desportivos. Estão mencionadas mas não entram.
O objetivo foi perceber em qual das outras se atingiu o verdadeiro abismo. Tivemos em conta o contexto de cada uma, todos os desenvolvimentos, como foram planeadas e processadas as piores das piores. Aqui vão as nossas quatro épocas eleitas.

1. Época 2007/08
O quarto lugar final refletiu bem a instabilidade vivida pelo clube durante uma temporada com três treinadores, e pelo planeamento errático do plantel, que tinha perdido duas referências no Verão – Simão e Petit – e outras figuras influentes, como Micolli, Karagounis ou Manuel Fernandes.
Na tentativa de suprimir estas ausências, chegaram 18 (!!) atletas, na sua maioria sem qualquer capacidade de ajudar. No meio deles, chegaram Maxi, Di Maria, David Luiz ou Cardozo, mas não existiam ainda condições para se assumirem como preponderantes. Muito cedo.
13 vitórias apenas em 30 jornadas, com 13 empates e quatro derrotas a ditarem 52 pontos, que obrigavam a usar binóculos para conseguir ver o líder FC Porto, com 75. Quem aproveitou, foi o Vitória SC de Manuel Cajuda, que, nestas circunstâncias, alcançou o terceiro lugar e se classificou para a Liga dos Campeões.

2. Época 2001/02
O plantel do sexto lugar foi reformulado. O autor da revolução? Luís Filipe Vieira, no primeiro ano como diretor geral do futebol encarnado. Ao longo do ano, saem 15, entram 18. Na comunicação social falava-se de uma suposta dream team. Porquê?
À Luz chegavam, por exemplo, Mantorras – prodígio do Alverca -, Simão – flop em Barcelona -, Zahovic – finalista da Champions pelo Valência CF e moeda de troca por Marchena – ou Drulovic, o melhor servente do Jardel no FC Porto e que tinha sido dispensado dos dragões pela idade avançada.
Toni mantinha-se no comando apesar da derrocada do ano anterior, e antevia-se um SL Benfica bem melhor – o que não era difícil -, mas, acima de tudo, mais fiel aos pergaminhos do pré-1994.
Resultado final? Quarto lugar lugar, 12 empates e cinco derrotas em 34 jornadas, e eliminação na quinta ronda da Taça de Portugal, na primeira época de sempre sem competições europeias – o que exigia outro brio no ataque às competições internas.
Toni perdera a aura sebastiânica e sairia logo em Dezembro, sendo substituído por Jesualdo Ferreira, seu adjunto no último título de campeão.

3. Época 2000/01
Atente-se que a pior classificação de sempre foi capitalizada por dois erros de palmatória que se revelaram históricos – dispensa de João Pinto e impulsividade de parte a parte na rescisão do contrato de Mourinho – , gerados por uma instabilidade institucional sem precedentes.
O SL Benfica teve uma época com dois presidentes e três treinadores, 31 jogadores utilizados e um leque de contratações que misturou o muito bom – Van Hooijdonk ou Marchena – com a tendência duvidosa daqueles anos – Escalona e Dudic.
Ora, o mais que provável rebuliço final até estava longe de acontecer à 22ª jornada, quando o SL Benfica vinha de seis vitórias consecutivas e com a certeza de que se ganhasse ao Boavista FC na Luz, alcançava o primeiro lugar.
Houve 0-0 e ponto de viragem rumo às previsões mais comuns: até ao final, o SL Benfica perdeu seis e empatou quatro nos últimos doze jogos. Sexto lugar a 18 pontos do campeão Boavista FC. Ao todo, foram 40 jogos na totalidade da época.
Quantas vitórias? 17. No campeonato? 15. Um aproveitamento de 44%. Para melhor compreender o tamanho do fracasso, o SL Benfica de 2020-21 de Jorge Jesus fez 67%. O deste ano vai com 69%. Incomparável.
E para atestar a total degradação do futebol benfiquista, a percepção de que pela primeira vez desde 1957/58 o clube estaria fora das competições europeias: só lá voltaria em 2003.

4. Época 1999/00
Bem, ninguém diria que a segunda pior época de sempre se seguiria à contratação do treinador responsável pelo Real Madrid campeão da Europa em 1997-98.
Vale e Azevedo conseguira sacar outro coelho da cartola depois de Graeme Sounness, convencendo Heynckes a sair do período sabático e agarrar a oportunidade de recuperar um clube histórico.
Tarefa que se revelou impossível: a instabilidade era tanta, e a qualidade tão pouca, que nem o maior feiticeiro da tática conseguiria construir uma verdadeira equipa e prepará-la para resultados minimamente decentes.
Correu tudo tão mal que foi possível alcançar-se a maior derrota europeia de sempre e colocar a reputação do clube em mínimos históricos."

1 comentário:

  1. Um dado interessante, das quatro piores épocas da História do Benfica que o Pedro Cantoneiro identifica, três são consecutivas (de 99/00 a 01/02). Concordo, e se a essas três épocas juntarmos a anterior à primeira (98/99), estamos a falar do "Vietname profundo". São épocas consecutivas em que não conseguimos sequer ser 2º classificado uma única vez, com duas ausências da Europa consecutivas, e em que nem às meias finais da Taça chegámos por uma vez. Houve mais tarde outro período em que estivemos também quatro épocas sem ser 2º (de 05/06 a 08/09), no entanto graças ao facto de termos sido campeões em 04/05, e ao surgimento da Taça da Liga em 07/08, temos um período de quatro épocas abaixo do 2º mas só não conquistámos troféus oficiais nas duas do meio (06/07 e 07/08). Portanto será no máximo um "mini Vietname", nada comparado com o "Vietname profundo" com as quatro épocas em branco, ou ao Vietname "completo" em que estivemos sete épocas sem um único troféu oficial.

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