"Nos últimos oito clássicos com o FC Porto, empatámos dois, perdemos seis e não vencemos nenhum. Marcámos cinco golos e sofremos dezessete(!).
Com mais ou menos ocasiões desperdiçadas, com mais ou menos erros de arbitragem em nosso desfavor, o perfil de todas estas partidas de algum modo se repetiu: um FC Porto muito mais agressivo, muito mais combativo, muito mais intenso, muito mais rápido, perante um Benfica permeável, de pezinhos de lã, a tentar, sem sucesso, explanar o seu futebol tecnicista e suave.
Os sistemas tácticos diferiram, os próprios treinadores também. E parto do princípio de que os jogadores querem sempre vencer. O que acontece é que o nosso plantel não terá, em número suficiente, elementos com capacidade de choque e disponibilidade física e atlética equivalente à dos gladiadores que aparecem do outro lado. Isso nem é de agora. É assim desde os tempos de Paulinho Santos. E até se estende a outras modalidades.
Trata-se de uma questão quase de âmbito cultural. Os próprios adeptos do Benfica pouco valorizam quem não é capaz de fazer um drible. Veneramos sempre o talento, desprezamos o músculo.
Em tempos em que os campeonatos cada vez mais se decidem nos confrontos directos, isto torna-se dramático. De nada nos serve das seis ou sete aos Marítimos oferecendo espectáculos de grande beleza plástica, se depois, no Estádio do Dragão, já entramos derrotados pelas evidências. Acresce que o Sporting também entendeu isto, e é hoje uma equipa forte, combativa, rápida e rigorosa sob o ponto de vista defensivo, como se viu recentemente na Luz.
Fica a reflexão para o futuro."
Luís Fialho, in O Benfica
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