"Vejamos: por enquanto nada está ganho em termos de títulos. Para além daquela saborosa e contundente vitória sobre o 'antagonista' de ocasião, na Supertaça, evidentemente...
Mas, em todo o caso, neste caso, essa já lá vai. Cinco a zero, sem mais conversa. Ponto final. E a dita já se encontra no seu devido lugar à vista de todos, desde esse 4 de Agosto do ano passado - está reluzente e descansada na sua competente peanha, no Museu Benfica - Cosme Damião, que é onde, de resto, fica muito bem. Embora, na realidade, tal magna copa seja um troféu, assim... a modos que híbrido, que ninguém sabe muito bem a que época se há de atribuir - se à anterior (que já se tinha ido), ou à seguinte (que, então, ainda estava para vir)...
Agora, quanto às contas que verdadeiramente a nós (e os outros) nos interessam, pode dizer-se com propriedade e com oportunidade que - apesar das reconfortantes aparências - ainda nada se ganhou. Precisamente a meio do campeonato, como estamos, quando muito o que temos por diante e à nossa frente é, autenticamente, ter de fazer, pelo menos, outro tanto do que fizemos durante a primeira volta.
Ou, se quiserem, não menos do que se fez na segunda volta da época. É só escolher, porque ambas as opções nos servem.
No entanto, há aqui meia dúzia de conceitos que, à cautela, devemos ter em conta, se não os considerarmos, mesmo, autênticos princípios que será conveniente seguir, com todo o desvelo e cuidado.
Em primeiro lugar, do ponto de vista do Benfiquista comum, sabermos manter a mesma unidade e a mesma confiança entre nós que, nas épocas das vitórias mais retumbantes, sempre sabiamente empurraram os nossos em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis e trabalhosas.
Jogar sempre com a Equipa, passando de fora as melhores vibrações que pudermos reunir antes, durante e depois de cada desafio.
Não cantar vitórias, senão no fim de cada jogo; e, sobretudo, nunca, jamais, deitar foguetes (sejam eles metafóricos, ou físicos) antes ou durante cada desafio. Não atender ao item anterior é tão pernicioso e tão grave como estabelecer juízos prévios acerca de, seja quem for, interveniente em cada partida. É essencial que contemos sempre apenas connosco, com os nossos e com as nossas forças reunidas: perder o rumo traçado, ou distrairmo-nos do essencial relativamente a cada um dos sucessivos objectivos que semana a semana foram definidos, pode pôr tudo em causa. Mas, deste modo, afinal, que raio nos resta, assim, nesta aparente 'triste vida' de contenção sistemática?...
Pois, deste modo, certamente que nos restará celebrar em crescendo, jornada a jornada, cada exibição e cada vitória. E, por fim, celebrar, mais intensamente do que nunca, toda a somada conta dos pontos, como - em 37 épocas cumpridas - há muito os nossos nos habituarem a festejar."
José Nuno Martins, in O Benfica
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