Últimas indefectivações

domingo, 15 de setembro de 2019

Desculpem-me falar de coisas sérias...

"Domingos Soares de Oliveira fala da urgência da internacionalização do Benfica. A questão é se o poderá conseguir sozinho em Portugal...

Nas entrevistas: há pessoas que dizem coisas e outras que transmitem ideias. Uma entrevista para dizer coisas é uma perda de tempo. Para o jornalista e para o entrevistado. Mas há muitas assim. Ou porque o jornalista não tem nada de interessante para perguntar ou porque o entrevistado não tem nada de interessante para dizer. Uma entrevista para transmitir ideias é um exercício saudável de jornalismo, que tem efeitos didácticos e que respeita a inteligência de quem a lê ou de quem a ouve.
Dois exemplos muito recentes, ou do Sporting e outro do Benfica, de gente que não se limita a dizer coisas e que transmite ideias: Aurélio Pereira, que concedeu uma excelente entrevista a este jornal e que merece ser liga e analisada, porque acrescenta conhecimento, soma saber e prova que a união do saber com a experiência é um valor absoluto, que não se pode substituir por qualquer outro.
A outra entrevista de que vale a pena falar é a de Domingos Soares de Oliveira à agência Efe, na qual o administrador do Benfica coloca a pertinente questão na necessidade de se internacionalizar o futebol português, provavelmente, o desafio mais urgente e mais complexo dos nossos principais clubes, a curto e a médio prazo.
Há, no caso de Aurélio Pereira, uma visão de futuro com base na experiência do passado. Já não se trata de uma aposta visionária, mas de um registo científico, na medida em que nos propõe um caminho que a experiência já provou: investimento na qualidade de técnicos e de toda uma estrutura de apoio à formação do jovem jogador (formação desportiva, sim, mas, acima de tudo, formação humana) como base essencial ao crescimento do futebol profissional.
Quanto a Domingos Soares de Oliveira, a sua perspectiva é mais futurista e contém uma adversidade, a qual, aliás, não é abordada na entrevista: a necessária internacionalização do Benfica poderá depender, apenas, de um trajecto nacional de sucesso?
Este é o problema maior. Dificilmente um clube, mesmo com a dimensão do Benfica, que Domingos Soares de Oliveira considera, sem exibicionismo, demasiado grande para Portugal, pode ascender a um patamar de grande clube mundial sem ter, na base, uma competição nacional forte, equilibrada, organizada, moderna.
E esse é obstáculo maior que se coloca ao objectivo proposto pelo dirigente do Benfica. Em Portugal, mesmo ao nível dos seus principais rivais, o Sporting ainda está num patamar abaixo, onde a luta é pela sobrevivência do espaço e da dimensão; e o FC Porto, não tendo sabido tirar proveito do sucesso desportivo, nacional e internacional, que obteve no bom tempo, prolonga sem novidade ou rasgo o final de ciclo do pintismo, com a sua visão tradicionalista de um regionalismo exacerbado que, desde logo, condena a perspectiva de uma estratégia internacional, mesmo com a afirmação de traços culturais e identitários fortes, como acontece, por exemplo, com o Barcelona e a Catalunha.
Sem parceiro nacional, o Benfica, ainda assim, procura a proeza histórica de navegar os oceanos e chegar à América e à China. Algo que, provavelmente, já aconteceu com velejadores solitários, mas com resultados mais ao nível do pitoresco do que da consagração.
No entanto, percebe-se que Domingos Soares de Oliveira sabe que não há futuro numa ideia de dimensão maior de um clube de futebol - qualquer clube e em qualquer lugar - sem conquistar um lugar como parceiro privilegiado de uma nova indústria mundial que não apenas transformará o futebol, como se libertará, num futuro mais ou menos próximo, das últimas veias de romantismo que ainda une esse futebol ao coração de um conceito desportivo.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

2 comentários:

  1. Vitor Serpa SEMPRE VISCOSO E ENGRAXADOR , teve de arranjar maneira de contrapôr o que diz alguém dos lagartos, concluindo que a..."união do saber e da experiência é um valor absoluto…". Tanta sagacidade força o respeito. Não faltou a crítica, em forma de lamento e num tom paternal, ( não vá o Diabo tecê-las...) ao que o fcp "NÃO tem feito" , e chegamos ao que diz DS de Oliveira Gestor no Benfica. Este, sempre bastante solicitado para conferências sobre gestão de Futebol , em Portugal e amiúde no Estrangeiro , tem como auditores dirigentes dos maiores Clubes Europeus com quem troca impressões sobre o Futuro da Gestão do Futebol na Europa e no Mundo. Servindo-se da sua experiência no Benfica . Unicamente Futebol. Nada contra Aurélio Pereira e as suas impressões dadas na entrevista á "Bola"...mas louvo o seu contorcionismo , para conseguir dizer o que disse e trabalhar ao mesmo tempo no scp de bruno de carvalho e de f. varandas. Basta lembrar-nos do processo dos "vouchers", das mentiras do ex. do scp, da propaganda mentirosa no caso e-toupeira e a motivação que levou á constituíção da "Aliança do Altis", lembrando quem esteve por detrás do caso dos e-mails ROUBADOS á SAD do Benfica. Até hoje, tirando o ficarem engasgados e raivosos com as recentes decisões do Tribunal da Relação , ...AINDA NÃO VI ELEMENTO DESSES DOIS CLUBES vir a terreiro lamentar o facto de tudo terem tentado, utilizando mesmo o roubo e a batota PARA ACABAR com o Benfica : era disso que se tratava e mais nada. Se é para debater o Futuro do Futebol por gentes desses clubes, acho que há incompatibilidade . Esquecer o comportamento vil e trapaceiro para com um rival, dos parceiros da "Aliança do Altis" , só para gente como o Vitor Serpa. Para esse peditório não dou.

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  2. Mais uma prova insofismável do tipo 'equilibrista' de jornalismo que Vitor Serpa pratica que levou um jornal com as enormes tradições que granjeou ao longo dos tempos a definhar e a caminhar para uma lenta agonia. Enaltecer os enormes jornalistas que levaram 'A Bola' a atingir um patamar de excelência é nos dias de hoje um mero exercício nostálgico, sendo que o evoluir da informação e a proliferação das redes sociais não justificam o estado de degradação a que V.S. conduziu um jornal de tão grandes tradições.
    Fica a sensação que a alegada conotação com o Benfica terá incomodado o 'senhor director' que paulatinamente foi arrastando o jornal para um jornalismo híbrido e sensaborão, sem coerência e sem rumo, na ânsia de tentar cavalgar na onda dragarta que actualmente varre a c.s.
    O jornal 'A Bola', nos seus tempos áureos, era um meio de informação credível e factual e daí o seu sucesso. Poderia porventura ter alguma conotação com o Benfica mas nunca deixou de ser rigoroso na informação e nunca foi contra ninguém. Esse é o grande equívoco de hoje.
    O Benfica é a locomotiva que percebeu que as fronteiras nacionais teriam que ser transpostas para permitir o seu crescimento e essa iniciativa deveria ser saudada e apoiada por ser no interesse de todos; dos seus rivais e numa visão mais alargada de todo o futebol português.
    O que se assiste? À tentativa bacoca de nivelação por baixo porque a inveja e a incapacidade de quem há muito parou no tempo, encontram eco na C.S. e muito em particular no jornal de Vitor Serpa.
    Não causa por isso qualquer espanto a contínua quebra nas suas tiragens e audiências, exemplo que se estende a montante e a juzante.
    É altura de arrepiar caminho. Porque, se não o fizerem, a caminhada para o abismo chegará com muito mais antecedência...

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