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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Grande!

"É pena que Jonas nunca tenha, verdadeiramente, feito a diferença em jogos europeus, porque foi enorme o prazer de o ver jogar em Portugal

O que custa,na despedida de Jonas, não é ver acabar a carreira um jogador com 35 anos, porque os 35 anos é uma idade já bem bonita para se acabar a carreira de futebolista.
O que custa é ver Jonas acabar por já não conseguir suportar os problemas físicos que tem.
O que custa é ver um jogador com talento de Jonas, a classe de Jonas, a qualidade de Jonas, o golo de Jonas, a categoria de Jonas, ter de acabar não pode decidir que está na hora de ir gozar o que fez na carreira, mas porque os problemas físicos decidiram por ele que está na hora de não mais jogar futebol.
O que custa é ver como Jonas teria ainda muito mais espectáculo para nos dar e dar ao campeonato português não fosse o grave problema físico que quase já o impede até de dar uma curta corridinha.
Já tínhamos todos percebido que Jonas não jogaria uma única época mais. Bastou vê-lo chorar como uma criança, não agora, mas na última jornada do campeonato, a meio de Maio, quando Bruno Lage o fez entrar para o lugar de João Félix a pouco mais de 20 minutos do final do jogo com o Santa Clara, que selou o título do Benfica.
Foi naquele exacto momento que Jonas se despediu verdadeiramente do futebol, e ele sabia-o bem, e aquele momento acabou também, curiosamente, por assinalar a despedida do Benfica do muito talentoso jovem João Félix, o que significa que naquele adeus se cruzou, no fundo, o destino de ambos, quando mal sabiam, Jonas e Félix, que teriam afinal muito mais em comum do que poderia, futebolisticamente, parecer.
E se parecia o jovem João Félix, pelo talento, pelo estilo e pelas características, o legítimo sucessor de Jonas, fica o Benfica, afinal, sem Jonas e, ao mesmo tempo, sem Félix, o que, no mínimo, duplica a dor de cabeça de Bruno Lage, porque perde o treinador, de uma assentada, os dois mais inteligentes jogadores que fizeram parte (e tanta diferença fizeram) do plantel do campeão nacional.
Apesar de nunca ter feito, realmente, verdadeiramente diferença na hora dos jogos europeus, a verdade é que Jonas - é de Jonas que devemos falar - fica para a história do Benfica como o segundo melhor marcador estrangeiro de sempre mas também, muito provavelmente, pelos golos que fez e pelo muito que jogou, talvez, e sobretudo, como um dos melhores futebolísticas que vestiram, desde sempre, a camisola da águia. Foi, para os adeptos do clube, mas também, certamente, para os adeptos rivais, um prazer ver Jonas jogar em Portugal.
Ele foi, sem dúvida, um dos grandes!

Foi o Benfica o primeiro dos grandes a apresentar-se aos sócios e adeptos, não certamente como desejaria, porque perdeu com o Anderlecht este primeiro ensaio na abertura do palco para 2019/2020, mas, ainda assim, com muito para mostrar, para reflectir e, seguramente, para trabalhar.
Campeão Nacional e com a expectativa totalmente em alta - quer do ponto de vista desportivo, quer do ponto de vista estrutural e financeiro - deve, porém, o Benfica ter a humildade de reconhecer a pequena e inadequada (diria mesmo inaceitável) imagem dada ao se apresentar num relvado absolutamente inqualificável e amador num estádio com a grandeza do Estádio da Luz.
Faz-me, por outro lado, enorme confusão ver como foi o Benfica capaz de anular, este Verão, a edição da Eusébio Cup, com o suposto argumento de não ter conseguido encontrar adversário à altura, como se o Anderlecht fosse uma equipa sem história, e sem a história que tem com o próprio Benfica (foi com o Anderlecht que o Benfica jogou e perdeu a sua primeira final da Taça UEFA, hoje Liga Europa...).
Não teria podido o Benfica associar o jogo de apresentação à Eusébio Cup para evitar dar a inadequada imagem (para não dizer outra coisa) de não ser capaz de realizar um troféu com o nome do maior símbolo da história encarnada?!

O que mostrou, entretanto, o Benfica nesta sua primeira aparição, esta semana, na Luz? Impossível mostrar muito coesão quando se fazem jogar 30 jogadores, mas acabou por ser possível ver que todos os 30 jogadores quiseram mostrar qualquer coisa.
Mostrou Salvio, por exemplo (como aqui escrevi há muito), que pode o Benfica contar com ele para fazer, e bem, o lugar de lateral direito (tem qualidade, espírito, classe e experiência para isso quando já lhe falta alguma explosão exigida a um extremo); mostrou Seferovic como é, também, e apesar de melhor marcador do último campeonato, dos atacantes que em Portugal mais golos falha, mostrou Chiquinho como vai, muito provavelmente, garantir um lugar no novo plantel de Lage (que Lage quererá, mais coisa menos coisa, creio, apenas com 22 jogadores de campo e três guarda-redes), e mostrou o Benfica ter, em carteira, mais três ou quatro jovens da formação na rampa de lançamento para a 1.ª equipa.
O que é, realmente, impressionante!

Pode dizer-se que o 10 de Julho será, para sempre, uma espécie de o outro dia de Portugal, com todo o respeito pelo 10 de Junho, das nossas comunidades e do insubstituível Camões. O 10 de Julho é o dia da Selecção Nacional, o dia que celebra e celebrará para sempre a inimaginável (a não ser na cabeça de Fernando Santos e seus jogadores) conquista do título de Campeã da Europa de futebol, em 2016, em França. O 10 de Julho de 2016 foi, assim, sobretudo para os da minha geração, o dia que nunca sonhámos viver. Fez, agora, três anos, três anos de uma recordação ímpar, inigualável no sentido em que nunca mais proeza semelhante será vivida com a mesma carga emocional e intensa alegria.
Perguntam-me, muitas vezes, o que mais recordo daquela final com a França em pleno estádio nacional dos gauleses, nos arredores de Paris, que começou com Pogba, ainda no túnel de acesso ao relvado, a dizer antes do jogo aos companheiros que «não sairemos daqui sem a vitória, não sairemos daqui sem a vitória, nem pensar!!!», e acabou nas lágrimas de milhões de portugueses espalhados pelo mundo, a larga maioria dos quais - eu incluído - sem que alguma vez tivesse acreditado na possibilidade de viver um dia assim.
Mas são, na verdade, quatro os momentos que mais recordo daquele jogo final...
... as lágrimas de Cristiano Ronaldo, com a traça pousada no rosto, no momento em que percebeu que não poderia continuar em jogo...
... a impressionante defesa de Rui Patrício, a que posso, e devo, até ao momento, chamar a defesa do século, após aquele tão especial e peculiar remate de cabeça de Griezmann...
... o abençoada remate ao poste direito da baliza de Patrício desferido por Andre-Pierre Gignac - um francês que apareceu no mapa com a mesma velocidade com que desapareceu -, quando o jogo já estava à beirinha do final do tempo regulamentar, na sequência de uma notável e imprevisível jogada do atacante adversário que derrubou, com um só golpe-relâmpago, o central Pepe e guardião Patrício...
... e, por fim, aquela espécie de reencarnação de Eusébio no corpo do persistente, corajoso, determinado, implacável e improvável Éder, o nobre e valente rapaz que tornou real o sonho deste povo e se tornou o orgulho desta nação.
Tão inesquecível, aquele 10 de Julho!...

Prémios da Liga portuguesa de futebol entregues no último fim de semana aos melhores de 2018/2019. Primeira perplexidade: o onze eleito pelos treinadores do campeonato como o melhor do ano não um lateral direito (como é impossível ignorar-se a extraordinária época do benfiquista André Almeida?!) mas tem dois laterais esquerdos (o benfiquista Grimaldo e o portista Alex Telles).
Porquê? Não tiveram os técnicos da Liga suficiente coragem para escolher entre Grimaldo e Alex Telles? Não é inacreditável?!
Segunda perplexidade: nomeado para o prémio de melhor jogador do ano (que distinguiu, e muito bem, o sportinguista Bruno Fernandes) o benfiquista Pizzi (um dos mais decisivos jogadores da equipa campeã nacional) nem teve direito a lugar no melhor onze da temporada.
Faz algum sentido?
Não se credibiliza a indústria com coisas assim, tão discutíveis!"

João Bonzinho, in A Bola

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