"Haja vergonha nos dirigentes (e já agora no Governo)!
Ontem assisti estupefacto ao culminar de um crescendo de violência no futebol português. Pior do que ontem se passou em Alcochete, acho impossível de acontecer, embora seja sempre possível que adeptos enfurecidos e inspirados por movimentos terroristas invadam centros de treino ou estádios e disparem sobre jogadores ou inocentes. Longe vá o agouro mas de violência em violência, todas impunes, espero que finalmente termine por aqui e alguém aja a doer.
Muito se tem dito desde ontem, muitas verdades irrefutáveis hoje são debitadas por gentes que nunca combateram a violência que desde há anos grassa na bola, sempre em crescendo. Há muito escrevi que no caso de existirem homicídios no futebol há muito autores morais destes actos que se escondem depois de instigar a violência. Dizer algo que não tenha sido dito fica difícil porque condenar a violência crescente desde há muito é hoje uma verdade de La Palisse. Muitos reclamam atitudes do Governo, esquecendo que o futebol tem mecanismos próprios mas que não são exercidos. O Governo nunca se quis meter na bola indígena, talvez por receio de perder votos ou outras razões que não vislumbro mas das quais constato as consequências, assistindo passivamente ao que se passa e quando ontem deu a cara foi apenas para falar da segurança na final da Taça, domingo no Jamor (em linguagem de futebol, falhou um penalti!).
Mas onde andam estas gentes que dirigem a bola nos últimos meses, semanas ou anos? Assistem como todos nós ao grassar da violência sem quaisquer espécie de processos contra todos os autores, sejam dirigentes (por acção ou omissão que a fomentam), agentes das centrais de comunicação dos grandes clubes (sempre por acção) e redes sociais, a vomitar permanentemente ódio defendendo os seus Clubes como outrora se defendiam castelos na Idade Média – matar para não ser morto.
Bem falantes, Fernando Gomes (de quem pessoalmente muito gosto) e Pedro Proença (com quem pessoalmente me dou bem) deviam pura e simplesmente demitir-se, nem que fosse por vergonha das respectivas omissões em exercer os seus poderes através de actos concretos. O Mundial está à porta? Deixem lá que os jogadores têm as equipes técnicas que os orientam e não precisam de dirigentes “bananas” para os acompanhar. Precisam de dirigentes a sério que não tenham medo de punir exemplarmente quem prevarica por palavras durantes anos ou meses ou semanas a fio. Agora com a “casa arrombada (Alcochete), é que vêm trancas à porta”?
Haja vergonha nos dirigentes (e já agora no Governo)! Demitam-se para não serem demitidos. Venha uma nova geração de gentes a dirigir para mudar este futebol indígena que mais do que envergonha o Sporting (ou pelo menos as gentes de bem deste grande Clube), envergonha o país!"
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