"Depois de uma jornada de Selecções em que Portugal, nos AA e nos sub-21, mostrou uma incompatibilidade total com as primeiras partes (como os mais jovens a corrigirem, na metade complementar), regressa já a partir de amanhã (D. Aves - V. Setúbal) a Liga, que prosseguirá sem mais interrupções até à jornada 34. Depois de um interregno aproveitado para fazer subir o nível do ruído, a discussão passa agora para dentro das quatro linhas, as centrais de intoxicação vão ser obrigadas a dar algum espaço aos únicos artistas relevantes, jogadores e treinadores, e tudo será decidido na base do mérito (o VAR trouxe mais transparência ao futebol).
No entanto, seria ingenuidade a mais pensar que, até ao fim do campeonato e quando todos os jogos valem como finais, não vamos assistir a acções de terrorismo verbal, pressões mais ou menos encapotadas sobre os árbitros e a um indigna suspeição sobre os jogadores. Esta temporada de 2017/18, quiça por qualificar, por cá, menos um clube para a liga milionária, vai passar à história como o mais torpe e vil fora das quatro linhas de que há memória. Mas será que alguém retirará ensinamentos do cenário apocalíptico criado? Tenho dúvidas fundadas, há muitos anos, de que o futebol consiga autorregular-se a temporada em curso mais não fez do que aprofundá-las. Alguém, na chamada indústria doméstica do futebol, estará interessado em falar de coisas sérias? Por exemplo do valor irrisório das multas e do desrespeito pela disciplina caseira, em contraste com o temor reverencial da mão dura da UEFA? Ou da vigente regulação faz de conta das claques, que só existe para inglês ver?"
José Manuel Delgado, in A Bola
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