"Patrocinada pela indústria de Grenchen, cidade suíça do Cantão de Soluthurn, a Uhren Cup vai ter, no próximo mês de Julho, a participação do Benfica. Jogos contra o Young Boys e contra o Neuchâtel Xamax. O troféu é quase igual à Taça dos Campeões.
Uhr: dizem que é o relógio infalível! Diz que o fabrica, claro está. E, já agora, perguntareis vós que tendes a infinita paciência de me ler, semana após semana, que raio venho eu para aqui falar de relógios? Eu explico. Eu explico.
Uhren Cup: eis a razão.
E o Benfica, como está bem de ver.
Benfica e Uhren Cup, pela primeira vez. Ou, se preferirem, o Benfica no torneio dos tais relógios infalíveis.
Vai ser no próximo mês de Julho. Entre os dias 10 e 15. Adversários: Young Boys, de Berna, e o Neuchâtel Xamax. Suíços, pois claro.
Geralmente, a Uhren Cup disputa-se entre Grenchen e Biel. Cantão de Solothurn e Berna, respectivamente.
Mas falemos da prova que já é antiga e faz parte da história dos torneios internacionais de Verão que se disputam um pouco por todo o mundo como pequeninos campeonatos avulsos.
Começou em 1962, logo no ano em que o Benfica foi campeão europeu.
Organizadores: representantes da indústria relojoeira de Grenchen.
Lá está: tic-tac-tic-tac. As rodas dentadas começavam a enganchar-se, rolando a um ritmo irrepetível.
Daí para cá, todos os anos, a Uhren Cup foi-se disputando, uma vezes mais suíça (a maioria das vezes), outras vezes mais internacional. Só em 1967, 1974 e 2012 não houve torneio. O que faz dele um dos mais resistentes de sempre.
Começo popular
A primeira edição da Uhren Cup contou com a presença de dois clubes suíços, o FC Grenchen e o FC Biel-Bienne, um belga, o Cercle Brugge, e um italiano, o AC Como. Foi um sucesso. Acreditem! Mais de 20 mil pessoas encheram os estádios entusiasmadas com as partidas. Motivo mais do que suficiente para que, no ano seguinte, a taça avançasse, impante, para a sua segunda edição, desta vez com um representante da Inglaterra, o Ipswich, que não por acaso se sagrou vencedor. Estávamos na fase mais segura da competição. Seguem-se convites: o Sparta de Roterdão, da Holanda, o Karlsruher, da Alemanha, o Nimes, de França, o Lanerossi Vicenza, de Itália, o Maccabi de Telavive, de Israel, o Sochaux, da França.
O objectivo era conseguir sempre uma participação estrangeira de forma a que o torneio não perdesse a sua aura internacional.
A partir da época 1967/68, no entanto, uma machadada profunda abalou os alicerces da Uhren Cup. O Grenchen desceu de divisão. E a prova passou a ser praticamente cem por cento suíça.
Partizan de Belgrado (Jugoslávia), Górnik Zabrze (Polónia) e FC Koln (Alemanha) passaram por lá como cometas.
2003 foi novo ano de mudança. Para melhor.
Algumas empresas da região resolveram apostar na Uhren Cup e devolver-lhe algum do brilho anterior.
Com mais dinheiro, passou a haver a possibilidade de convidar clubes de maior nomeada. Assim foi.
O torneio atingiu sua fase de maior prestígio. Como se pode ver pelos nomes que por ele passaram: Schalke 04, Kaiserslautern, Borussia Dortmund, Koln e Bayer Leverkusen (Alemanha); Celtic (Escócia); Deportivo da Corunha (Espanha); Shakhatar Donetsk (Ucrânia).
Estranhamente segui-se um hiato. Em 2014 e 2015 não houve Uhren Cup.
Em 2016 o Galatasaray sagrou-se vencedor e arrecadou o troféu.
O Museu Cosme Damião fica, agora à espera dele. Palavra aos jogadores do Benfica.
Espreitam-na. É quase igual à Taça dos Campeões."
Afonso de Melo, in O Benfica
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