"Nem drama, nem surpresa. O Benfica mora num patamar abaixo deste Dortmund.
Há 54 anos, para esta mesma prova minha da UEFA, o Benfica derrotou o Borussia Dortmund por 2-1 na Luz e foi perder por 5-0 à Alemanha. Desta feita, a história repetiu-se, saindo as águias goleadas por 4-0 do Iduna Park depois de um triunfo por 1-0 em Lisboa. Há, porém, uma diferença substancial entre estas eras. Na década de sessenta o Benfica possuía a equipa mais forte da Europa e só uma série de circunstâncias anómalas ditou o desaire em Dortmund. Hoje, as coisas são muito diferentes, o Borussia tem um conjunto bem mais forte que o Benfica e não haverá, por esse Velho Continente, quem fale em surpresa perante os 4-0 de ontem.
Poderia o Benfica ter feito melhor? Deve dizer-se que, em comparação com a equipa que há um ano foi eliminada pelo Bayern, o Benfica apresenta menos argumentos a meio-campo, o que, a este nível, é fatal. Conhecedor dessa realidade, Rui Vitória procurou maquilhar o mais possível as insuficiências com a entrada de André Almeida, mas a verdade é que o desconforto encarnado, cada vez que a máquina amarela apertava o garrote em acções de pressing muito bem realizadas, era notório e das perdas de bola nasceram situações de grande perigo para Ederson.
O caminho que podia levar o Benfica à glória, nesta eliminatória, era estreito e sinuoso e para ser percorrido com sucesso era imperioso que a eficácia das águias estivesse a cem por cento. Em duas ou três situações os encarnados tiveram hipóteses de marcar e não o conseguiram. Aí esgotaram-se as hipóteses (que já não eram muitas). Quando Rui Vitória mexeu na equipa o destino já estava traçado e não foi por aí, nem deixou de ser, que o Borussia Dortmund, muito superior nos 180 minutos, se qualificou para os quartos de final da Champions.
PS - Não faltou a vingança, servida com a frieza de um hat trick, de Aubameyang. Estava escrita nas estrelas..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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