"Já por diversas vezes defendi que a aposta na formação não deverá ser um fim em si mesma, mas antes utilizada enquanto instrumento no firmamento de um Benfica vencedor e sustentável económica e financeiramente. Se é, do meu ponto de vista, indiscutível que os jogadores oriundos da nossa formação não deverão gozar de oportunidades por decreto, não menos o é que, em caso de igualdade com outros atletas, deverão ser privilegiados na entrada no plantel da equipa principal.
Na actual conjuntura do futebol, a qual, estou certo, pendurá, a independência face aos 'tubarões' europeus só poderá ser obtida recorrendo à formação e, em paralelo, à prospecção de atletas de países cujo futebol é ainda mais débil que o nosso em termos económicos. Nas posições em que não for possível encontrar um atleta que garanta qualidade entre os habituais convocados, deverá recorrer-se a jogadores mais experientes e, em princípio, mais caros.
Em suma, é o modelo actual do Benfica e com o qual estou inteiramente de acordo. Mantendo-o, conseguiremos paulatinamente obter a independência referida acima (menores custos de amortização e maiores mais-valias na alienação de passes) e, consequentemente, incrementar a capacidade de retenção de jogadores devido à maior margem de decisão quanto ao timing das vendas.
Não creio que alguma vez consigamos estar ao nível ao Barcelona, mas entre o nosso estado actual e o dos catalães, há uma diferença considerável que poderemos esbater. Conseguindo-o, manteremos intacta a competitividade nacional (o que não significa que ganharemos sempre, nem tal alguma vez aconteceu) e aumentaremos as nossas possibilidades de um brilharete na Liga dos Campeões."
João Tomaz, in O Benfica
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