"Se houvesse um entendimento da necessidade de proibir espectáculos em dia de eleições, há muito que o legislador o teria feito
Pela primeira vez, em 41 anos de democracia, o futebol vai coincidir com um ato eleitoral. Até agora foi possível conciliar a calendarização dos jogos, prevalecendo o necessário recato que deve envolver a ida às urnas, na convicção de que o bom senso recomenda espaços e tempos próprios para cada uma das actividades.
Quis a calendarização nacional e internacional que a jornada de 5 de Outubro ficasse entalada entre uma ronda europeia de clubes e um jogo decisivo da Selecção Nacional, deixando fora de equação a possibilidade de - com razoabilidade - se jogar noutra data. Assim os três grandes vão entrar em campo, concitando sobre si atenções, no mesmo dia em que os portugueses vão a votos para decidir quem sucede a Passos Coelho, se o próprio Passos Coelho se António Costa. É isto um facto perturbador da democracia?
Não creio. Se, ao longo de quatro décadas de eleições democráticas em Portugal, o legislador nunca sentiu necessidade de proibir actividades desportivas em dia de votos, provavelmente haverá alguma razão para isso. Da mesma forma que os restantes espectáculos não são proibidos...
Diz o bom senso - e foi isso que prevaleceu ao longo dos últimos 40 anos - que é preferível que não se jogue, para não desfocar atenções. Mas, perante uma situação limite como a que está criada para o fim-de-semana de eleições, não só não se afigura nenhuma solução melhor, como não virá nenhum mal ao mundo pela realização dos jogos de Benfica, Sporting e FC Porto. Do ponto de vista objectivo, do número de votos entrados em urna, ninguém, de boa fé, dirá que haverá beneficiados ou prejudicados. Poder-se-á, quanto muito, argumentar que na noite eleitoral haverá menos atenção para a decisão política, em função dos jogos dos grandes e das respectivas análises. Mas, muito provavelmente, aqueles que vão estar mais atentos à noite desportiva de 5 de Outubro não estariam, de qualquer forma, muito virados para as abordagens políticas da noite eleitoral, onde, regra geral (e ao contrário do que acontece com o futebol), há uma sensação de déjà vue, com todos os partidos a declararem-se vencedores.
Em resumo, ao futebol o que é do futebol, à política do que é da política. E deixem-se, por favor, de dramatizar tudo, por tudo e pelo seu contrário. já cansa...
JESUS MUDOU DE CLUBE MAS CONTINUA IGUAL
«Se compras um Ferrari tens de ter dinheiro para a gasolina. Se me contrataram têm de ter dinheiro para a gasolina. Não é?»
Jorge Jesus, treinador do Sporting, in 'Record'
Jorge Jesus tem uma personalidade complexa, em muitos aspectos contraditória, mas sempre colorida em tons muito vivos, agora predominantemente verdes. Num país cinzento, em que quase todos os protagonistas medem as palavras e procuram não fugir ao politicamente correto, o auto-elogio recorrente do treinador do Sporting tem o efeito de pedrada no charco...
TRIUNFO NA VUELTA
Grande vitória de Nélson Oliveira na etapa que acabou em Tarazona, ponto final e um jejum de sucesso luso na prova espanhola, que durava há nove anos, desde Sérgio Paulinho. Um gosto que suaviza a pedra do sapato que desde 1974 incomoda o ciclismo português: Joaquim Agostinho venceu, de facto, a Vuelta desse ano, mas 'nuestros hermanos' 'enganaram-se' nas contas, marcaram o tempo de José Manuel Fuente no derradeiro contra-relógio à entrada da pista e o de Agostinho apenas na meta. E o espanhol foi declarado vencedor por 11 segundos.
ÁS
Gareth Bale
O País de Gales vai participar pela primeira vez numa grande competição de futebol (os galeses só estão habituados aos grandes palcos no râguebi) e Gareth Bale é, sem dúvida o seu profeta. Bale, que parece mais à vontade na selecção do que no Real, contribuiu com um golo decisivo em Chipre, carimbando o passaporte...
(...)
O jogo da vida do futebol albanês
Vida difícil espera hoje a Selecção Nacional em Elbasan, na Albânia. A selecção local está muito perto de, pela primeira vez, atingir a fase final de uma grande competição internacional e Portugal surge como derradeiro obstáculo. Prevê-se um jogo de luta, de mais transpiração do que de inspiração."
José Manuel Delgado, in A Bola
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