"O tempo dos atalhos
Sim: é ridículo que a justiça desportiva não possa servir-se dos mesmos meios de obtenção de prova que a justiça comum e é duplamente ridículo que os meios de obtenção de prova de que não pode servir-se como a justiça comum incluam escutas telefónicas feitas legalmente. Mas é mais ridículo ainda que as escutas que conduziram à condenação de dirigentes desportivos e árbitros de futebol e consumaram um suposto terramoto no desporto-rei nacional, incluindo inevitável sentimento de vingança consumada por parte de dois terços dos adeptos portugueses, fossem afinal ilegais, inválidas ou mesmo apenas inúteis. Como podemos nós chegar aqui, não sei. Talvez a Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, e o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol que ratificou a sua primeira decisão, tenham achado que, face às provas existentes, a da praça pública era, na verdade, a única condenação que conseguiriam obter. Eu pergunto-me se não há sanções para isto. E pergunto-me também, já agora, se não é suposto, quando se parte para a batalha das nossas vidas, certificarmo-nos de que não seremos vencidos por uma questão processual qualquer, maior ou menor. O atalho pode ser a grande imagem deste tempo, mas a Justiça devia saber resistir-lhe.
A comunicação
Não há Revolução sem ela
Não sei se o futebol português precisa de uma revolução ou, para nos mantermos no campo metafórico proposto por José Eduardo Simões, de uma evolução na continuidade. Sei de uma coisa: se os clubes efetivamente estão empenhados em promover um "novo 25 de Abril", deviam pelo menos ter-se certificado de que era outro revolucionário a comunicá-lo ao país que não o presidente da Académica. Metade do romantismo da coisa já se foi."
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