"Na ressaca da vitória na final da Liga dos Campeões em 2004, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, assumiu um objectivo desejo: regressar a uma final da mesma competição em menos de 17 anos. Porquê 17 anos e não 15 ou 20? Entre as finais ganhas em 1987 e 2004 distavam precisamente 17 anos, pelo que o desafio passava por encurtar esse período de ausência. Foi um desejo excessivo? Bom, já passaram 9 anos sobre a gloriosa noite de Gelsenkirchen, portanto o FC Porto ainda tem 7 anos para dar essa prenda a Pinto da Costa (a final ganha na Liga Europa em 2011 atenuou o passar dos anos).
Na ressaca da derrota na final da Liga Europa, na quarta-feira, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, também formulou um objectivo desejo: para o ano voltamos cá. Não se referia, creio, à Liga Europa, mas à Liga dos Campeões, que vai ser decidida... no Estádio da Luz. Mas uma final europeia não se calendariza. Pode traçar-se um plano de acção mais ou menos consistente e criar as condições para lutar pelo objectivo num determinado período. Dificilmente a um ano. Porque nem todo o dinheiro do Mundo compra essa certeza, como muito bem sabem o Real Madrid ou o Manchester City (clubes a quem, por exemplo, o Benfica vendeu três dos seus melhores jogadores...). E os sorteios têm, numa prova a eliminar, um papel decisivo. Que não se consegue controlar.
Compreendo a frustração do líder do Benfica ao perder de forma tão inglória a Liga Europa. Assim, atribuo à emoção do momento tal reacção espontânea. Se bastasse querer para se poder, o Benfica não teria passado 23 anos seguidos a ver as finais europeias na televisão.
Também interpreto as palavras de Jesus sobre a (hesitante) renovação à luz da frustração daquele momento. A derrota, diz, vai levá-lo a pensar muita coisa. Provavelmente concluirá o mesmo que Luís Filipe Vieira: com um plantel mais equilibrado, principalmente na defesa, talvez hoje se sentisse no céu e não no inferno. Talvez. Mas a história no futebol não se faz de “talvez” nem de “se”. Faz-se de vitórias. O Benfica já não “cheirava” a possibilidade de acumular tantas numa época há muito tempo. Uma vez que agora voltou a conhecer o “cheiro” do sucesso, o melhor caminho, parece-me, é o de seguir em frente e trabalhar para lhe sentir o sabor.
Vieira terá um desafio enorme pela frente nas próximas semanas: segurar na Luz, pelo menos mais um ano, aqueles que fazem uma grande diferença. Como Jesus, Matic, Enzo, Garay ou Gaitán."
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