"Foram dois desaires competitivos, dois desaires penosos, traumáticos até. Uma trajectória fulgurante não deixava adivinhar o suplício, mesmo o principal antagonista havia dado as contas por encerradas.
A recepção ao Estoril-Praia, mais o consequente desfecho negativo, ainda era revertível. No Dragão, foi quase assim, na última vintena de minutos poucos portistas acreditavam no sucesso. O golo, aquele golo, em período de prorrogação, foi sádico. Foi sádico, mas foi golo. E porque foi golo valeu mais um rude golpe, por mais que imprevisto, nas nossas aspirações à conquista do ceptro nacional.
No momento em que escrevo, preparo a bagagem para Amesterdão, também a bagagem emocional. O que se vai passar? Tenho confiança na equipa, ainda que sem deslumbramento.
Vencer a Liga Europa, só por si, dava um colorido especial a uma época que estava a ser das melhores de todo o historial benfiquista. Se assim foi (o leitor já sabe o resultado quando ler esta prosa), 2012/2013 fica, inexoravelmente, no canto bonito da emoção vermelha.
Ainda falta um jogo para o Campeonato, embora se saiba que o Benfica como que endossa, por razões conjunturais, a responsabilidade ao valoroso Paços de Ferreira de inverter aquela que parece ser uma fatalidade.
Depois, há Taça de Portugal no Jamor, palco que a nossa equipa não pisa há uns pares de anos. Para vencer, só pode ser para vencer.
Quaisquer que sejam os cenários, inclusive o mais dramático, continuo a sustentar que a minha aptitude benfiquista sai reforçada nos momentos adversos.
Quando se ganha, é fácil ser do Benfica, apregoar benfiquismo. Grito ainda mais alto quando o contexto é desfavorável.
É aquilo a que chamo um caso de amor. Amor incondicional. Mais na desgraça do que na graça."
João Malheiro, in O Benfica
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