"A transferência de Izmaylov do Sporting para o FC Porto foi o assunto da semana. Temem os sportinguistas mais prudentes que o russo, qual Lázaro da bola, ressuscite na Invicta e lhes venha a atirar estrondosamente à cara a incompetência do departamento clínico que têm por casa ou, pior ainda, a incompetência do departamento jurídico que também têm por casa.
Izmaylov, entretanto, fez a sua primeira aparição pública como jogador do FC Porto na noite de quarta-feira no Dragão assistindo da bancada ao jogo a contar para a Taça da Liga com o Vitória de Setúbal.
No momento em que o seu ex-companheiro João Moutinho apontou com sucesso a grande penalidade que haveria de dar o triunfo ao FC Porto, Izmaylov foi filmado pelas câmaras da TVI a festejar o golo. A boa notícia para os sportinguistas que levam estas coisas a sério é que, em boa verdade, Izmaylov mal celebrou o golo de Moutinho. Limitou-se a receber distraidamente uma palmadinha na mão que lhe foi fornecida por um funcionário do seu novo clube sem esboçar uma emoção sequer, um sorriso, qualquer coisa. Poderá vir a curar-se de todos os seus males mas, nas primeiras impressões, pode-se concluir que de Alvalade para o Dragão o pequeno russo manteve a mesma cara de pau de sempre. Que sirva de consolo.
Estas modernas parcerias comerciais entre clubes grandes são sempre bem-vindas porque fornecem aos adeptos e à crítica vastíssimos motivos de interesse e garantem à competição momentos de inesperado suspense. O Benfica, por exemplo, tem com o Real Madrid uma espécie de parceria em tudo semelhante à que, desde há anos, vem unindo o Sporting e o FC Porto. Atente-se nas trocas comerciais entre os da Luz e os do Santiago Bernabéu:
De Madrid para Lisboa já viajaram jogadores como Javi Garcia, Rodrigo e Garay enquanto de Lisboa para Madrid já foi fornecida ao campeão espanhol em título uma asa esquerda completa, constituída por Fábio Coentrão e Di Maria. E se a dita asa se encontra hoje desactivada esse já não é um problema do Benfica. Importantes são as boas relações entre os clubes. As parcerias entre grandes são desejáveis. Sobretudo quando vivem em países diferentes e não competem pelos mesmos objectivos. Não vá o diabo tecê-las.
ERRAR É HUMANO
Chama-se a isto puxar dos galões
Não há penalti sem senão. Para os adeptos, obviamente. Ou se gosta, ou se não gosta. O penalti que deu a vitória tangencial ao FC Porto no jogo com o Vitória de Setúbal é um bom exemplo. Gostaram os da casa entendendo que Nelson Pedroso derrubou Sebá sem margem para dúvidas. Não gostaram os visitantes para quem Pedroso se limitou a ganhar a posição ao avançado do FC Porto sem nada mais fazer que pudesse derrubar Sebá. Mas o árbitro apitou e pronto.
Ser árbitro é esta vida de convívio permanente com o agrado e com o desagrado. E, como em todos os sectores profissionais, há árbitros que convivem melhor e outros que convivem pior com o mundo em redor. O melhor árbitro português da actualidade é, por inerência do posto que ocupa, o que melhor convive com o agrado e com o desagrado do público em geral. Por isso é o melhor. Quando pressente qualquer tipo de ameaça mundana ou climatérica ao desenrolar ordeiro do jogo mete o apito no bolso e dá o assunto por encerrado. Aconteceu assim em Setúbal na noite chuvosa da visita do FC Porto e ia acontecendo assim em Guimarães, no jogo com a Naval para a Taça da Liga, quando Proença reparou que o policiamento do estádio deixava muito a desejar e ameaçou não apitar. Chama-se a isto puxar dos galões.
POSTIVO
Gaitán com arte
Andava “desparecido” há meses um dos melhores artistas que mora na Luz. Regressou para um momento de alto nível, marcando de calcanhar o primeiro golo do Benfica no Estoril.
Cristiano vingou-se
O número 7 do Real Madrid resolveu a eliminatória com o Celta de Vigo, para a Taça do Rei, com um sonoro “hat-trick”. A Bola de Ouro foi para Lionel Messi e o português vingou-se em golos.
Bebé em cheio
Alex Ferguson mandou-o para Vila do Conde ganhar ritmo e jogos. E Bebé correspondeu marcando ao serviço do Rio Ave o golo que valeu a qualificação para as meias-finais da Taça da Liga.
PÉROLA
“Jesualdo é o mestre do 4x3x3”, Jorge Jesus
Inesperadas mas sempre bem-vindas estas cordialidades entre o treinador do Benfica e o recém-empossado treinador do Sporting. Dirão as más-línguas que o elogio a Jesualdo Ferreira é também uma “alfinetada” a Vítor Pereira, treinador do FC Porto. Em Portugal as homenagens são sempre contra alguém."
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