"Gosto particularmente do defeso no futebol. Por uma simples razão, aparentemente paradoxal: é que gosto de futebol. Mas gosto - utilizando a sua própria linguagem - com peso, conta e medida. No defeso, há tempo para ilusões, sonhos, esperança. Dorme-se sem o tormento de uma noite mal passada quando a nossa equipa nos destroça com um mau resultado. A família agradece os fins-de-semana em que não há o suplício de compatibilizar horas de sua pertença com o tempo sempre diferente de uma panóplia de jogos.
Ontem escrevi sobre a técnica de perguntar por um jogador. Mas o defeso dá também a oportunidade de ler e ouvir declarações sempre arrebatadoras de jogadores que chegam ou saem. Muitas vezes com aquela pitada de amor eterno à camisola que se veste pela primeira vez, tal qual acontece com o que se vê amiúde nas revistas cor-de-rosa com juras de eterna fidelidade desmentida nos capítulos seguintes.
Nesta última semana, seleccionei duas frases que me chamaram a atenção. Uma raçuda e que é recorrente quando um clube está numa situação negocial complicada para contratar um craque: «vamos dar um murro na mesa.» Leia-se ao contrário: «vamos ceder e pagar o que nos pedem.»
Outra peituda e que foi a de um Indiano de seu nome Sunil Chhetri (com o cognome de bombardeiro de Deli) que tendo assinado pelo Sporting e estando nas nuvens por ir para a equipa B, afirmou peremptoriamente: «Não vou deixar pedra sobre pedra.» Ora aqui está um Indiano a absorver o melhor e mais delicioso condimento do defeso: o do atrevimento sem limites e do ridículo sem disfarces. Do defeso B, entenda-se."
Bagão Félix, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!