"Das quatro selecções que sobreviveram até às meias-finais do Euro 2012, três eram de países latinos (Portugal, Espanha e Itália) e a outra era a inevitável Alemanha. É uma Europa do futebol às avessas de uma Europa política e económica.
De entre estas selecções, três são o espelho de um conceito de futebol praticado nos respectivos campeonatos. De comum entre a selecção alemã, espanhola e italiana está a predominância de futebolistas que jogam nos campeonatos dos respectivos países, o que traz implicações que são bem visíveis em campo. A Mannschaft junta ao rigor e objectividade uma disciplina táctica espartana, mas também extremamente dinâmica. A Azurra joga agora um sucedâneo do ‘catenaccio’, bastante mais atractivo, defendendo com uma segurança e um rigor ímpares e em zonas do terreno bem mais avançadas, o que lhe dá um pendor perigosamente ofensivo. A Roja é uma reinterpretação feliz do célebre ‘tiki-taka’ de Guardiola, sem Messi, mas ainda com Iniesta, Xavi e uma organização exasperante. Resta Portugal, sem cognome, com poucos futebolistas oriundos do campeonato português na selecção e com um conceito de jogo que não espelha, felizmente, o futebol luso. Espelha o trabalho de um treinador, o talento individual de dois ou três futebolistas, os rasgos de inconformismo que vão surgindo e uma grande dose de improvisação (até a união dos futebolistas pareceu improvisada e como forma de responder às críticas).
Assim, os êxitos dos outros são reflexo do conceito que têm do futebol (pensado estruturalmente desde as bases e lutando contra a corrupção). No caso português, os sucessos da selecção – e dos próprios clubes – acontecem apesar da desorganização reinante e dos dirigentes federativos / associativos, ou seja, acontecem apesar do futebol português."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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