"Toda a gente sabe que Carlos Lisboa, o melhor jogador de basquetebol português, é um “holligan”. É este o retrato que certa gente de um clube da cidade do Porto quer fazer passar de Carlos Lisboa. Por uma única razão: mau perder. E foi só por isso que voaram objetos, cadeiras e o diabo-a-quatro no pavilhão do tal clube: mau perder.
Tivessem pedido à sorte que o último dos cinco jogos da final não lhes calhasse em casa. Ou tivessem jogado alguma coisa de jeito para puderem ser eles os campeões. Como não são, manifestam-se como sabem. Uns esperneiam, outros atiram o que podem aos campeões, outros ainda escrevem comunicados que o leitor médio do tal FCP não percebe. E jogam baixo. Se calhar foi por isso que perderam o campeonato de basquetebol: é que nesta modalidade joga-se nas alturas, e aquela gente só sabe jogar rasteiro.
Eu que por acaso tenho o Porto Canal e assisti à final. E já vi repetidas vezes as imagens da celebração benfiquista no meio do pavilhão, felizes da vida jogadores e equipa técnica, depois de uma conquista à melhor de cinco no derradeiro encontro, disputado até ao fim, e por escassa diferença pontual. Não encontro naquela comemoração senão a felicidade de todos quantos tinham acabado de vencer. Com mérito. Não vi Carlos Lisboa a fazer senão abraçar, pular, ser levado em ombros. Até que um careca capitão do FCP – cujo nome ninguém sabe e dia algum vai saber, tamanha é a sua irrelevância – aparece a pedir explicações, mão na anca como se fosse a dona de casa, dizendo que o SLB não podia comemorar assim. É muito mau perder, muita falta de vergonha, é gente habituada a ganhar haja que expediente houver e quando a vida lhes corre mal perde a cabeça e não sabe comportar-se. Como a equipa do Benfica teve de ser escoltada às cabinas e ali receber o troféu, o mínimo que os vencidos deviam ter feito era não receber as medalhitas de meros participantes no meio do campo. Mas não sabem comportar-se. Com o presidente do Clube a assistir e a choramingar-se que a polícia foi má para os pobrezitos dos meliantes, mostram o que são. São coisa pouca. E nem comunicados percetíveis sabem escrever."
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