"Depois de ter feito votos, na semana passada, para que no plantel do nosso Benfica «se realizem algumas das aquisições faladas e que não se concretizem todas as saídas propaladas», fiquei feliz, ao que julgo saber pelas notícias, que Pablo César Aimar será dos que ficam. Se os adeptos do Benfica se habituaram a exigir que a equipa jogue bem e com eficácia, mas também com elevada «nota artística», Aimar está em todos os planos - técnico, táctico e artístico - e acrescenta um inegável toque de classe.
Todos os jogadores do plantel são importantes, alguns são decisivos, todos têm um papel a desempenhar individualmente e no jogo de equipa, direi mesmo que não há insubstituíveis e assim é que deve ser numa equipa equilibrada. Aimar pode entrar no 11 inicial, pode saltar do banco, pode ser substituído pelo cansaço da entrega ao jogo, porque ele é dos que não negam esforço ao trabalho colectivo. Mas nunca é a mesma coisa, Pablo Aimar estar ou não estar em campo. Tem uma visão de jogo que honra aquela camisola 10 que herdou de Rui Costa. E desequilibra, faz a diferença.
Diego Armando Maradona, sempre excessivo, disse um dia que «o único jogador por quem valia a pena pagar bilhete era Pablo Aimar». Não é o único mas é seguramente dos que valem o bilhete. O jogo de Pablo Aimar tem mais qualquer coisa. Já lhe chamaram perfume. Também talvez lhe possamos chamar filigrana ou alquimia, pedra preciosa ou magia.
E depois dá uma enorme vantagem ao plantel e ao 11: é que Pablo Aimar, jogador de fino recorte e homem de fino trato, amado pela bancada e respeitado pelo balneário, está feliz no Benfica."
João Paulo Guerra, in O Benfica
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