"Na sequência dos textos das últimas semanas, que têm procurado identificar aspectos a melhorar no futebol do Benfica, fala-se hoje aqui de força mental, combatividade e agressividade competitiva - elementos que, afinal, definem uma verdadeira mentalidade de campeão.
Entenda-se por força mental, a aptidão para extrair todo o potencial de competências inerentes ao indivíduo ou ao grupo, independentemente dos contextos exteriores. Numa equipa de futebol, isto traduz-se na capacidade de jogar constantemente ao máximo que o potencial técnico-táctico dos jogadores permita, sem quebras causadas por factores anímicos, sem excessos de confiança nem medos, sem permeabilidade a qualquer tipo de pressão exógena, e com a saudável agressividade que se exige em todos (mesmo todos) os momentos de competição. Simplificando, trata-se de tornar cada jogo numa final, e cada momento desse jogo no momento de decisão dessa final, sejam quais forem as circunstâncias que o rodeiem.
Sei que a comparação não é simpática, mas se olharmos para o FC Porto, constatamos uma particular habilidade em lidar com todo o tipo de pressões e condicionalismos, quer os positivos (enfatizando-os e explorando-os ao máximo, nunca permitindo que resvalem para a sobranceria), quer os negativos (eliminando-os, ou revertendo-os a seu favor). O que daí resulta é uma equipa confiante, motivada e agressiva, capaz de render a top em qualquer campo, e em qualquer situação, durante um ano inteiro. Imagino que não seja tarefa fácil implementar tão forte mentalidade. Mas que ela significa meio caminho andado para a obtenção de títulos, não restarão muitas dúvidas.
No caso do nosso rival, o contexto geográfico e cultural ajuda bastante. Trata-se de um clube fundado sob uma bandeira regionalista, e que tem alimentado uma cultura de conflito, e de trincheira, que contribui para o manter em constante vigília. É dessa fonte que bebe o fanatismo dos seus adeptos, que, confundindo e misturando – deliberadamente -, o FC Porto com a (sua) cidade, e com a (sua) região, sentem derrotas e vitórias num plano diferente ao da mera paixão clubista, e reagem em consonância. Isso é habilmente transportado para o interior do grupo (com lavagens cerebrais intensivas, como contam antigos jogadores), e reflecte-se num balneário ferreamente determinado em vencer (e, particularmente, em vencer-nos), onde a disciplina e o recato não deixam de desempenhar um papel vital.
Transpor uma cultura deste tipo para o Benfica é bastante mais difícil. Somos um clube universalista e cosmopolita, nascemos e vivemos numa cidade que também o é, e o conflito não está no âmago da nossa matriz identitária. Os adeptos do Benfica não têm qualquer familiaridade política, cultural, regional ou religiosa a ligá-los entre si, olham para o futebol com paixão, mas sem rancores nem complexos paralelos, o que também lhes retira militância, realidade que escorre para a estrutura e para a equipa. Há pois que encontrar mecanismos capazes de dotar o nosso clube de equivalente vitamina motivacional, e aqui, creio que o próprio adversário, as suas vitórias, e a sua arrogância, podem ser um elemento a explorar melhor.
Por outro lado, é também necessário fomentar uma relação de grande cumplicidade entre jogadores e clube, cultivando exigências, mas também afectos. Por muito genial que seja a gestão, por criteriosas que sejam as escolhas, por melhores condições materiais de trabalho que existam, são os jogadores, dentro do campo, que transportam a mística, que marcam os golos, que obtêm os resultados, que nos dão as alegrias e tristezas, e que, em suma, determinam o sucesso ou o insucesso do clube.
Sendo o futebol uma espécie de representação da guerra - embora sem vítimas -, uma equipa forte terá de se assemelhar a um exército militar, onde a disciplina e o rigor não podem permitir hiatos, cedências ou excepções. O clube tem de estar acima de tudo e de todos, e a exigência tem de ser total e quotidiana. A pressão de trabalhar nos limites deve vir, contudo, acompanhada de uma cuidada protecção contra factores, externos ou internos, que possam de alguma forma tornar-se perturbadores. Jogadores infelizes, preocupados ou ansiosos, não poderão nunca explorar o seu potencial máximo, e é ao clube que cabe protegê-los.
Só com uma simbiose perfeita entre clube e profissionais ao seu serviço, só criando uma cultura de clã, que abra espaço a um forte sentimento de exigência individual e colectiva, e seja capaz de fazer concentrar todas as energias no combate aos adversários, poderemos ver os jogadores do Benfica a superarem-se, a comerem a relva (se necessário for), e a imporem a sua capacidade em qualquer relvado, em qualquer competição, em qualquer jogo, e em qualquer momento de cada jogo. Só deste modo será possível caminhar para um espírito de conquista que leve os nossos jogadores a alcançar ainda mais vitórias e títulos do que aquelas que o seu talento permita, construindo a sua e a nossa felicidade."
Entenda-se por força mental, a aptidão para extrair todo o potencial de competências inerentes ao indivíduo ou ao grupo, independentemente dos contextos exteriores. Numa equipa de futebol, isto traduz-se na capacidade de jogar constantemente ao máximo que o potencial técnico-táctico dos jogadores permita, sem quebras causadas por factores anímicos, sem excessos de confiança nem medos, sem permeabilidade a qualquer tipo de pressão exógena, e com a saudável agressividade que se exige em todos (mesmo todos) os momentos de competição. Simplificando, trata-se de tornar cada jogo numa final, e cada momento desse jogo no momento de decisão dessa final, sejam quais forem as circunstâncias que o rodeiem.
Sei que a comparação não é simpática, mas se olharmos para o FC Porto, constatamos uma particular habilidade em lidar com todo o tipo de pressões e condicionalismos, quer os positivos (enfatizando-os e explorando-os ao máximo, nunca permitindo que resvalem para a sobranceria), quer os negativos (eliminando-os, ou revertendo-os a seu favor). O que daí resulta é uma equipa confiante, motivada e agressiva, capaz de render a top em qualquer campo, e em qualquer situação, durante um ano inteiro. Imagino que não seja tarefa fácil implementar tão forte mentalidade. Mas que ela significa meio caminho andado para a obtenção de títulos, não restarão muitas dúvidas.
No caso do nosso rival, o contexto geográfico e cultural ajuda bastante. Trata-se de um clube fundado sob uma bandeira regionalista, e que tem alimentado uma cultura de conflito, e de trincheira, que contribui para o manter em constante vigília. É dessa fonte que bebe o fanatismo dos seus adeptos, que, confundindo e misturando – deliberadamente -, o FC Porto com a (sua) cidade, e com a (sua) região, sentem derrotas e vitórias num plano diferente ao da mera paixão clubista, e reagem em consonância. Isso é habilmente transportado para o interior do grupo (com lavagens cerebrais intensivas, como contam antigos jogadores), e reflecte-se num balneário ferreamente determinado em vencer (e, particularmente, em vencer-nos), onde a disciplina e o recato não deixam de desempenhar um papel vital.
Transpor uma cultura deste tipo para o Benfica é bastante mais difícil. Somos um clube universalista e cosmopolita, nascemos e vivemos numa cidade que também o é, e o conflito não está no âmago da nossa matriz identitária. Os adeptos do Benfica não têm qualquer familiaridade política, cultural, regional ou religiosa a ligá-los entre si, olham para o futebol com paixão, mas sem rancores nem complexos paralelos, o que também lhes retira militância, realidade que escorre para a estrutura e para a equipa. Há pois que encontrar mecanismos capazes de dotar o nosso clube de equivalente vitamina motivacional, e aqui, creio que o próprio adversário, as suas vitórias, e a sua arrogância, podem ser um elemento a explorar melhor.
Por outro lado, é também necessário fomentar uma relação de grande cumplicidade entre jogadores e clube, cultivando exigências, mas também afectos. Por muito genial que seja a gestão, por criteriosas que sejam as escolhas, por melhores condições materiais de trabalho que existam, são os jogadores, dentro do campo, que transportam a mística, que marcam os golos, que obtêm os resultados, que nos dão as alegrias e tristezas, e que, em suma, determinam o sucesso ou o insucesso do clube.
Sendo o futebol uma espécie de representação da guerra - embora sem vítimas -, uma equipa forte terá de se assemelhar a um exército militar, onde a disciplina e o rigor não podem permitir hiatos, cedências ou excepções. O clube tem de estar acima de tudo e de todos, e a exigência tem de ser total e quotidiana. A pressão de trabalhar nos limites deve vir, contudo, acompanhada de uma cuidada protecção contra factores, externos ou internos, que possam de alguma forma tornar-se perturbadores. Jogadores infelizes, preocupados ou ansiosos, não poderão nunca explorar o seu potencial máximo, e é ao clube que cabe protegê-los.
Só com uma simbiose perfeita entre clube e profissionais ao seu serviço, só criando uma cultura de clã, que abra espaço a um forte sentimento de exigência individual e colectiva, e seja capaz de fazer concentrar todas as energias no combate aos adversários, poderemos ver os jogadores do Benfica a superarem-se, a comerem a relva (se necessário for), e a imporem a sua capacidade em qualquer relvado, em qualquer competição, em qualquer jogo, e em qualquer momento de cada jogo. Só deste modo será possível caminhar para um espírito de conquista que leve os nossos jogadores a alcançar ainda mais vitórias e títulos do que aquelas que o seu talento permita, construindo a sua e a nossa felicidade."
Luís Fialho, in O Benfica
PARA SE TER MENTALIDADE GANHADORA
ResponderEliminar= OS DEZ MANDAMENTOS / FUTEBOLEIROS =
1º Jogar a bola com lisura dentro das quatro linhas;
2º O Futebol deve ser jogado e não encornado;
3º Proceder para que os árbitros tenham um trabalho isento;
4º Tentar contratar os melhores jogadores;
5º Acabar com as gloriosas reuniões/jantaradas com os amantes da tal de "verdade desportiva";
6º Saber ganhar e saber perder jogos;
7º Escorraçar os compadres e virtuosos moralistas que de vez em quando aterram de pára-quedas..cai e não cai;
8º Aceitar que quem joga melhor, merece ganhar;
9º Acabar com a sobranceria de serem donos de um Mundo falido;
10º Respeitar quem tem mérito.