"As estatísticas valem o que (não) valem. Tornaram-se uma obsessão pretensamente técnica. Dependendo do seu utilizador ou manipulador, podem ser um anestesiante ou uma vitamina, um bálsamo ou um purgante. Veja-se o que se passa com as estatísticas económicas e sociais... O certo é que também invadiram o mundo desportivo. Para todos os gostos.
Às vezes, dou comigo a olhar para a pletora de números e médias sobre um simples desafio e a chegar à conclusão de que vi, afinal, outro jogo. Outras vezes, o vencedor na relva é o derrotado na estatística e o perdedor real é o ganhador algébrico.
As estatísticas são sínteses que exigem análise. A falta desta dá azo à mentira estatística ou, pelo menos, à sua não contextualização. Por exemplo, há dias neste jornal, se dizia que o Benfica e Porto estavam empatados em títulos (69), contando, de igual modo, uma vitória no Campeonato, na Taça, na Supertaça, na Taça da Liga ou na Europa. Bastaria fazer uma ponderação da sua importância e dificuldade e os resultados seriam diferentes (o Benfica tem mais 7 campeonatos e oito Taças, o Porto iguala sobretudo à custa das Supertaças com mais 13 do que o Benfica...).
Outra estatística na moda é a das internacionalizações. No entanto, não se comparam práticas e tempos bem distintos. Dantes, eram escassos os jogos internacionais e só jogavam 11 ! Agora há jogos para todos os gostos e treinos com todos os Liechtenstein, Ilhas Faroe e Maltas do planeta, com carradas de internacionalizações por um minuto, a que qualquer sofrível jogador chega para glória curricular. Por isso, não vou entrar em cantigas (estatísticas). Ainda prefiro os 41 golos de Eusébio à facilidade com que hoje se ultrapassam estes números (sem desprimor para o Pauleta)."
Bagão Félix, in A Bola
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