"1. Talvez devesse falar da assembleia geral estatutária da FPF. Talvez devesse falar, portanto, do litígio entre o “passado” e o “futuro”. Talvez devesse falar, por isso, de coerência e de luta pela sobrevivência. Mas, como aqui escrevi em jeito de prognóstico mais do que uma vez, nada de novo se passou no “29 de janeiro”. Logo, não vale a pena.
2. Talvez devesse falar de todos os processos que a Comissão Disciplinar da Liga não instaurou ao longo desta época e deveria ter instaurado. Diz a imprensa que este ano os processos são abertos apenas com queixa – ficando tudo o resto por averiguar, a não ser o que vem nos relatórios dos jogos. Talvez devesse falar, portanto, dos critérios legais e regulamentares de abertura de processos disciplinares na Liga, sem esquecer esse novo critério, desconhecido até agora e ausente na “lei”: a turbulência pública. Mas também não vale a pena.
3. Também devesse ainda falar das conferências da Comissão de Arbitragem da Liga sobre as atuações dos árbitros. Corajosas e pedagógicas, tratando os árbitros com a maturidade que o futebol profissional exige. Mas não vale a pena também. Os que sempre navegaram na opacidade e na falta de transparência, assim como os que prezam o “recato” dos bastidores, nunca gostarão da prática inovadora de Vítor Pereira e da sua equipa.
4. Antes valha a pena discutir os próximos cenários: o cancelamento da utilidade pública desportiva da FPF e, depois, a possível constituição de uma nova federação de futebol. De facto, não parece que Pedro Silva Pereira e Laurentino Dias, depois de esticarem a corda toda na suspensão que por ora afeta a FPF, tenham outra alternativa: cancelar e acabar com o futebol na FPF. Qualquer outra decisão – como voltar a suspender a utilidade pública por mais um ano a partir de Abril – é perder em definitivo a credibilidade, nomeadamente perante todas as outras federações desportivas que cumpriram a lei para organizar e regular os seus campeonatos. Se, até Abril, nada mudar na FPF, o não cancelamento da utilidade pública instalará a Praça Tahrir do Cairo no desporto português. A não ser que a previsível intervenção da FIFA tenha algum efeito substancial antes de abril. E já sabemos que é essa última cartada que o ministro e o secretário de Estado esperam. Enquanto isso, é tempo de pensar na “revolução de Abril” de 2011. Cancelada a utilidade pública e criado o cenário para a eventual extinção da FPF nos tribunais, será a hora de colocar as flores nas espingardas e começar de novo. Será a hora de saber quem está disponível para constituir uma nova federação, reconhecê-la junto da FIFA e da UEFA, respeitar a lei e adquirir a utilidade pública junto do Estado. E começar uma nova era a partir de Julho de 2011. Veríamos, então, quem são as associações – e os clubes – que fariam parte da nova federação e as que ficariam de fora. E veríamos quem se ordenava nesse ato de superação. Talvez não se chegue lá. Mas convém ter a noção que o fim da linha da FPF já esteve mais longe."
2. Talvez devesse falar de todos os processos que a Comissão Disciplinar da Liga não instaurou ao longo desta época e deveria ter instaurado. Diz a imprensa que este ano os processos são abertos apenas com queixa – ficando tudo o resto por averiguar, a não ser o que vem nos relatórios dos jogos. Talvez devesse falar, portanto, dos critérios legais e regulamentares de abertura de processos disciplinares na Liga, sem esquecer esse novo critério, desconhecido até agora e ausente na “lei”: a turbulência pública. Mas também não vale a pena.
3. Também devesse ainda falar das conferências da Comissão de Arbitragem da Liga sobre as atuações dos árbitros. Corajosas e pedagógicas, tratando os árbitros com a maturidade que o futebol profissional exige. Mas não vale a pena também. Os que sempre navegaram na opacidade e na falta de transparência, assim como os que prezam o “recato” dos bastidores, nunca gostarão da prática inovadora de Vítor Pereira e da sua equipa.
4. Antes valha a pena discutir os próximos cenários: o cancelamento da utilidade pública desportiva da FPF e, depois, a possível constituição de uma nova federação de futebol. De facto, não parece que Pedro Silva Pereira e Laurentino Dias, depois de esticarem a corda toda na suspensão que por ora afeta a FPF, tenham outra alternativa: cancelar e acabar com o futebol na FPF. Qualquer outra decisão – como voltar a suspender a utilidade pública por mais um ano a partir de Abril – é perder em definitivo a credibilidade, nomeadamente perante todas as outras federações desportivas que cumpriram a lei para organizar e regular os seus campeonatos. Se, até Abril, nada mudar na FPF, o não cancelamento da utilidade pública instalará a Praça Tahrir do Cairo no desporto português. A não ser que a previsível intervenção da FIFA tenha algum efeito substancial antes de abril. E já sabemos que é essa última cartada que o ministro e o secretário de Estado esperam. Enquanto isso, é tempo de pensar na “revolução de Abril” de 2011. Cancelada a utilidade pública e criado o cenário para a eventual extinção da FPF nos tribunais, será a hora de colocar as flores nas espingardas e começar de novo. Será a hora de saber quem está disponível para constituir uma nova federação, reconhecê-la junto da FIFA e da UEFA, respeitar a lei e adquirir a utilidade pública junto do Estado. E começar uma nova era a partir de Julho de 2011. Veríamos, então, quem são as associações – e os clubes – que fariam parte da nova federação e as que ficariam de fora. E veríamos quem se ordenava nesse ato de superação. Talvez não se chegue lá. Mas convém ter a noção que o fim da linha da FPF já esteve mais longe."
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