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terça-feira, 11 de março de 2025

Os novos estatutos do Benfica


"Foi aprovada, por uma expressiva maioria, a nova ‘Magna Carta’ encarnada, que mexeu com alguns pressupostos tidos como ‘vacas sagradas’ dentro do clube. Faltou ser criada uma Assembleia Delegada, que fosse mais representativa dos sócios...

Conseguir, em democracia, o acordo de pelo menos 75 por cento dos votantes nunca é fácil, mais a mais quando a escolha não é fulanizada, mas sim assente as alteração dos parâmetros reguladores da vida de uma instituição, ou de um País, no caso dos textos constitucionais.
Quando mobilizou mais de oito mil sócios para a votação de uma nova proposta de estatutos, o que, porque não se tratava de uma eleição presidencial, é altamente significativo, depois de um processo discutido e participado, controverso e por vezes fraturante, independentemente do resultado, o Benfica teve uma grande vitória. Teve-a Rui Costa, que prometeu e cumpriu, e na hora do desfecho teve a grandeza de elogiar não só o atual presidente da Mesa da Assembleia Geral, José Pereira da Costa, que com coragem levou a missão a bom termo, mas também o antecessor, Fernando Seara, absolutamente decisivo pelo inestimável trabalho político realizado numa das fases mais críticas do processo.
Teve-a, também, a chamada ‘oposição’, que não deve ser confundida com os agitadores que a páginas tantas atiraram areia para a engrenagem, pelo contributo que deu e pela qualidade de muitas das intervenções realizadas, mostrando que, em nome de um bem maior, é possível ser fiel ao lema do Benfica.
Do que foi aprovado, e que passará a constar da nova ‘Magna Carta’ encarnada, vários pontos merecem realce, por terem sido, até agora, considerados ‘vacas sagradas’ no universo benfiquista:
1 - A nova ponderação do número de votos atribuídos a cada associado em função do tempo de filiação, que empodera as gerações mais recentes de sócios;
2 - O facto de as Casas do clube deixarem de ter direito a voto (o que não tem nada a ver com os associados ‘per si’).
3 - O fim da necessidade de 25 anos de sócio para ser presidente do Benfica, baixando essa fasquia de fidelização para a década e meia;
4 - E, ‘last but not least’ a garantia de que, à imagem do que sucede na República, só será presidente quem tiver a maioria absoluta dos votos, o que em muitas circunstâncias poderá levar a uma segunda volta. Apesar de saber que as eleições nos clubes têm muito a ver com as conjunturas criadas pelos resultados desportivos da equipa principal de futebol, e que há exemplos de presidentes eleitos com 90 por cento dos votos não terem durado mais de um ano, não deixa de ser democraticamente justo e clubisticamente agregador aprovar esta alteração.
Pena é que não tenha sido contemplada a criação de uma Assembleia Delegada, que fosse mais representativa do universo de sócios, que acaba de atingir os 400 mil. Até porque, nos novos estatutos, o atual modelo de AG, que muitas vezes não acolhe mais do que um milhar de associados, passa a ter um peso maior na manutenção e queda das Direções, através da aprovação das contas. O que pode vir a transformar-se num foco de desestabilização."

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