"Adeptos não desfrutaram totalmente do talento do brasileiro
Neres no Nápoles deixa um travo amargo na boca dos adeptos do Benfica. O extremo brasileiro entrou na terceira temporada de águia ao peito, mas pareceu que estava novamente a começar no clube e causava expetativa o que ele poderia fazer, se esta poderia ser, finalmente, a época de afirmação total, aquela em que conseguiria colocar no relvado, de forma continuada, o futebol diferenciado, imprevisível, adocicado que ninguém duvida que tem.
Quando foi contratado ao Shakhtar Donetsk, em 2022/2023, o extremo brasileiro chegou com o peso de meses sem treinar e competir em contexto de clube por causa da guerra na Ucrânia. Teve de gerir a condição física e enfrentou lesões, mas mesmo assim deu um contributo inquestionável no caminho para a conquista do 38.º título das águias, com 12 golos e 15 assistências em 48 jogos. ‘Se Neres conseguiu isto sem estar a cem por cento, no ano seguinte é que vai ser!’, terão pensado os adeptos. Só que não. Em 2023/2024, a SAD do Benfica contratou Di María, outro mágico para o mesmo lugar, este consagrado e iluminado por uma carreira fantástica, por clubes e seleção da Argentina. Era previsível que seria Di María o titular e também que, por muito que a ideia fosse agradável, seria complicado que os dois artistas pudessem conviver num mesmo onze sem que o equilíbrio da equipa se ressentisse. Neres acabou por fazer 35 jogos, marcou cinco golos e fez 10 assistências, prejudicado, também, por uma lesão num joelho que o levou à mesa de operações. Mais uma vez… o melhor Neres foi adiado.
Di María terminava contrato este verão, Neres voltou motivado das férias e o cenário era favorável para o brasileiro, mas Di María renovou e rapidamente, não é preciso um curso para perceber isso, Neres e os seus representantes se colocaram em campo para encontrar um palco com mais espaço onde ele se pudesse exibir. Não se trata de encontrar culpados, porque, na verdade, me parece que tanto Benfica como o jogador não geriram esta relação da melhor forma, mas de constatar o óbvio: Neres deixará saudades nos adeptos sem ter chegado a convencê-los verdadeiramente.
Sabe a pouco. Como soube a meia época do médio argentino Enzo Fernández antes de se transferir para o Chelsea, ou a época e meia de João Neves ainda de sair, há semanas, para o PSG, ou a supersônica transferência João Félix para o Atlético de Madrid, de Renato Sanches para o Bayern Munique, e por ai fora. Claro que estamos a falar de muito dinheiro, importante e irrecusável na realidade dos clubes em Portugal, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, e custa, realmente, não desfrutar a sério destes artistas excecionais."
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