"Fernando Pimenta, por exemplo, foi nove vezes a melhor pessoa do mundo a desempenhar determinada função
DIOGO RIBEIRO não tem dúvidas sobre o que quer ser no futuro. O nadador português do Benfica saltou para as manchetes deste jornal – e já são três – por conquistar medalhas numa modalidade em que o país dificilmente acreditaria, o que até poderia ser estranho, ou irónico, tamanho mar tem Portugal (eu sei bem a diferença para águas abertas). Mas as condições para vencer não são as naturais de um país. São as de um atleta, conjugadas com a vida em que é forjado.
Não tenho dúvidas de que Cristiano Ronaldo é o maior português da História. Aquele que mais pessoas toca. Mais do que um secretário-geral da ONU, sim; ou do primeiro europeu no Brasil.
Há partes em que Ronaldo e Diogo Ribeiro se cruzam e onde cabem outras figuras da nossa história desportiva. Debruço-me muitas vezes sobre o que, realmente, é mais difícil. Se ser uma estrela da Premier League, Serie A, La Liga ou Bundesliga ou vencer uma medalha com Portugal como bandeira.
Fernando Pimenta não pode ser o maior atleta português de todos os tempos? São mais de cem medalhas na carreira, nove de ouro em mundiais seniores e mais seis em europeus. Claro está, portanto, que o problema não está em Pimenta. Estará, isso sim, na canoagem. Ou talvez no nosso país. Pimenta foi a melhor pessoa no mundo a desempenhar uma função por nove vezes!
O ténis português tem pouca expressão, mas já alguém parou para pensar que Nuno Borges é um dos 50 melhores do mundo naquilo que tem para fazer? Ou que João Sousa esteve entre as 30 melhores pessoas a jogar ténis, no mundo? Quantos de nós estamos nos 50 melhores do planeta a fazer alguma coisa?
Ronaldo, repito, é o maior da história, mas neste país será sempre mais fácil ser futebolista de elite do que atleta de ouro noutra modalidade qualquer.
Essa coisa de o melhor de todos os tempos tem a importância que deixamos. Eu diria que o que é relevante mesmo é o que as coisas nos provocam. Eu, por exemplo, jamais esquecerei aquela última volta de Fernanda Ribeiro em Atlanta 1996. E será mesmo esse o feito maior de Fernanda Ribeiro ou a medalha de bronze em Sydney, por tudo o que a penafidelense passou, foi bem mais difícil do que o ouro nos EUA?
Para mim está claro que maior é o feito quanto maior é a superação. Pode haver tanta glória num segundo lugar como num primeiro e pode haver isso mesmo só por se chegar ao fim.
Diogo Ribeiro quer ser boa pessoa e campeão olímpico. Está tudo bem se não conseguir a segunda, até porque este é um país em que se exige o primeiro lugar nos Jogos Olímpicos quando pouco ou nada se acompanhou nos restantes momentos da carreira. Diogo Ribeiro já venceu duas medalhas de ouro e uma de prata, mas, acima de tudo, passou por cima do que a vida lhe atirou. No desporto ou não, esses são os maiores campeões de todos."
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