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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Lar, doce Lar


"O Lar do jogador era mais do que um dormitório, era uma autêntica casa para os futebolistas encarnados

Havia vários anos que o Benfica pensava em arranjar um espaço para acomodar os seus jogadores, mas a ideia passou à prática apenas com a chegada de Otto Glória, em Junho de 1954. Logo no mês seguinte, foi decidido que se arrendaria uma propriedade do empresário Artur Fernandes Alves Ribeiro, dedicado benfiquista que teve um papel relevante na construção do antigo Estádio da Luz.
A propriedade localizava-se na Quinta de Nossa Senhora do Cabo, no cimo da Calçada do Tojal, na freguesia de Benfica. Causou admiração para quem julgava que a escolha recairia num prédio, tendo o Benfica sido elogiado por ter seguido outro caminho. A casa estava situada num sítio privilegiado, perto o suficiente para os jogadores irem a pé para, na altura, o futuro estádio, mas, mesmo assim, 'longe do bulício da capital', 'no meio de uma vasta quinta, (...) as árvores, a água, tudo o que torna realmente 'campo''. Com cerca de 20 divisões, era uma vivenda 'com beiral, janelas rasgadas, gradeamentos de pura traça lusitana'. Apelou-se à família benfiquista para que contribuísse com móveis, objetos e roupa de casa para se rechear o futuro Lar do Jogador, e, mais uma vez, esta disse 'presente'!
O Lar do Jogador estava, assim, pronto para os futuros residentes: futebolistas juniores ou seniores solteiros, sem residência em Lisboa, e servindo também para que todos os jogadores se aqui concentrassem para treinos e estágios antes dos jogos. Além destes, trabalhariam aqui um encarregado, um chefe de cozinha, dois cozinheiros e três empregadas que fariam a limpeza da casa. Este projeto ia ao encontro do que Otto Glória idealizava: um espaço que fomentasse 'uma vida saudável (...), uma camaradagem sincera e amiga entre todos os homens de camisola encarnada'. E que, também, fosse estabelecida disciplina, horários, treinos regulares e uma alimentação apropriada a desportistas.
Foi inaugurado em 31 de Agosto de 1954 e, durante cerca de 17 anos, foi um Lar para vários ídolos benfiquistas, tais como Coluna, Costa Pereira, Eusébio, Simões e Nené.
Saiba mais sobre as instalações do Benfica na área 17 - Chão Sagrado, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Lídia Jorge, in O Benfica

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