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sábado, 5 de agosto de 2023

"Não se esqueçam de nós" porque a história tem que continuar


"Rola a bola, trava o poste. Marca a garra das navegadoras. Entraram em campo para representar Portugal e deixaram a nação orgulhosa. Fizeram história e mostraram como a capacidade e a motivação nos fazem correr mais longe.
Com o fim da caminhada da seleção portuguesa de futebol feminino no campeonato mundial, é importante abordar a revolução silenciosa a que temos vindo a assistir e que, com a ajuda da comunicação, tem vindo a retirar o estigma de desvalorização da modalidade.
Nas semanas que antecederam o Mundial assistiu-se a sucessivo aumento de campanhas nos media, através dos quais patrocinadores da seleção nacional criaram ações com conteúdo que permitiram reforçar a visibilidade e notoriedade do futebol feminino. No caso, o BPI lançou uma campanha global que conta já com mais de 23 milhões de visualizações em todas as plataformas. Marcas como a Sagres, Continente e CUF seguiram o mesmo exemplo. Resultados? Ainda antes do Mundial, no jogo de preparação, houve casa cheia no Bessa contando com a presença de mais de 20 mil pessoas.
Será tudo isto fruto do tão falado empoderamento feminino? Não só. Os eventos foram também importantes. Por exemplo, no mês de maio realizaram-se as Festas do Futebol Feminino, onde cerca de 1000 crianças se juntaram na Cidade do Futebol, num momento que procurou ser o ponto alto do futebol feminino, sem esquecer, claro, a presença de Kika Nazareth e Jéssica Silva.
A expansão dos direitos de transmissão dos jogos em redes nacionais e plataformas de streaming foi determinante para as audiências neste Mundial. Esta aposta na comunicação e apoio à seleção levou a que, o último jogo frente aos Estados Unidos às 8 horas da manhã em Portugal, num dia laboral, tenha sido visto por mais de 1.3 milhões de portugueses. Este jogo representou 39% de share, um acréscimo em relação aos dois jogos anteriores (33% frente aos Países Baixos e 37% face ao Vietnam).
Permitam-se a ousadia e comparar o futebol e a comunicação. O que podem estes dois mundos ter em comum? O jogador e o jogo movem multidões. A comunicação mobiliza e interliga mundos. O jogo precisa de uma estratégia para que, no final dos 90 minutos, sejamos vitoriosos. Também a própria comunicação precisa de uma estratégia para ser assertiva e eficaz. Falamos num espetro que, por se destacar pela sua elevada carga emocional, deve ser continuamente alimentado. Os novos media difundem informação de forma mais imediata, devendo ser utilizados neste sentido, para permitir que o tema mantenha a sua viabilidade e interesse junto da agenda mediática.
Acima de tudo, a comunicação é uma espécie de chave que destranca portas, permitindo navegar por espaços nunca antes valorizados. Falar sobre futebol feminino vai mais além de golos, derrotas e vitórias. Significa resiliência, determinação, derrubar obstáculos e "jogo de cintura". Precisamos de continuar a apostar numa comunicação que desafie os estereótipos e promova a igualdade de género, e o momento é agora!
A presença de Portugal num Mundial Feminino era algo impensável há 10 anos, e a sucessiva quebra de records de audiências, torna importante a reflecção sobre a necessidade de continuar a investir numa comunicação eficaz e de forma frequente. As afirmações "Não se esqueçam de nós", de Jéssica Silva, faz-nos perceber que há um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao crescimento sustentado desta atividade. Terá sido o apoio à seleção nacional de futebol feminino um mero episódio mediático? Temos de continuar a fazer história."

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