"A Crónica: Um Club Que Não Ruge Às Águias Que (En)Cantam
Noite de Liga dos Campeões. O Estádio da Luz não é o único sítio cheio por força do SL Benfica – Club Brugge KV. Debaixo dos toldos das roulottes, acumulam-se adeptos ao ponto do próximo que chegar não ter espaço e se ter que contentar com beber cerveja à chuva. Os adeptos belgas misturam-se com os portugueses. Alternam entre os casacos pretos North Face e Fred Perry com os capuzes na cabeça. Passa um marcado por um alto vermelho que lateja em tons de roxo. Mazelas de uma noite de confrontos com adeptos encarnados.
À parte disso, as marcas que físicas mais frequentes são rugas e cabelos brancos. Foram anos à espera que o clube chegasse aos oitavos de final da Liga dos Campeões e fizeram-no pela primeira vez esta época. Mesmo com a derrota por 2-0, a esperança de avançar para os quartos valeu o esforço da viagem. Era um ambiente que se tornava familiar quando viam pelos cachecóis que estavam ali pelo mesmo. Com a mão que não era precisa para segurar o copo de plástico acenavam uns aos outros. Com o mesmo gesto, disseram adeus à Liga dos Campeões. O Benfica impôs nova derrota ao Brugge, desta vez por 5-1, num agregado de 7-1 na eliminatória.
Chiquinho regressou às opções de Roger Schmidt com Aursnes a descair para o corredor. Por seu lado, treinador do Clube Brugge, Scott Parker, promoveu o regresso de Roman Yaremchuk à Luz, incluindo avançado ucraniano, ex-Benfica, no onze inicial.
Tal como os efeitos de luzes que antecedeu o jogo, o Benfica também deu espetáculo. Logo no segundo minuto de jogo, João Mário marcou de calcanhar, mas um fora de jogo de Gonçalo Ramos no início do lance levou a que o golo fosse anulado. O ambiente no estádio era tal que mal se ouviu o apito do árbitro a anular o lance. No entanto, os encarnados continuavam a encantar. Rafa abria caminho para o golo com os túneis que ia fazendo aos adversários.
Até Florentino apareceu lá na frente, mas percebeu-se logo que aquelas não são zonas que costume pisar, pois errou escandalosamente o alvo. Eram condições perfeitas para inaugurar o marcador, mas não tão boas como as que João Mário viveu, onde só um corte de Meijer em cima da linha impediu as águias de chegarem à vantagem. Ao mesmo tempo, Noa Lang e Otamendi iam tendo um duelo renhido, certamente ainda com a partida do Mundial, em que os Países Baixos foram eliminados pela Argentina, na memória.
O ritmo baixou e o Club Brugge equilibrou o encontro, o Benfica teve dificuldades em lidar com Buchanan que fazia de médio interior no 4-3-3, mesmo que, à partida, fosse um jogador mais de corredor. Também Noa Lang ia causando problemas. A pressão alta dos belgas era feita de maneira acertada, mas deixava uma camisola encarnada livre sobre a esquerda: Aursnes. Ainda assim, o Benfica não conseguia encontrar o norueguês.
A equipa de Roger Schmidt que na fase inicial do jogo progredira no terreno em ataque continuado passou a apostar num estilo mais vertical. E assim chegou ao golo. Gonçalo Ramos escapou na esquerda e teve discernimento para demonstrar que abrandar também é uma arte. O avançado levantou a cabeça e descobriu Rafa na área que, de uma maneira pouco ortodoxa, finalizou.
Não foi preciso inventar muito para o Benfica alargar a vantagem. De novo, Gonçalo Ramos fugiu no flanco canhoto só que, em vez de passar, fintou toda a gente que lhe apareceu à frente e rematou forte para o dois zero, já em tempo de descontos da primeira parte.
Com a eliminatória no bolso, o Benfica voltou a tomar as rédeas do encontro. Aursnes, que parecia ter errado na decisão ao não rematar à baliza, desmarcou Grimaldo na esquerda. Dos pés do espanhol saiu o passe para Gonçalo Ramos bater de novo Mignolet.
O controlo que o Benfica tinha permitiu a Roger Schmidt lançar jogadores a partir do banco e todos eles acrescentaram. Gilberto ganhou a grande penalidade que João Mário converteu. João Neves assistiu David Neres para o quinto.
Só o método que Meijer usou para reduzir para o Club Brugge podia importunar a estabilidade encarnada. De pé esquerdo, o lateral neerlandês encontrou o ângulo da baliza de Odysseas e, diga-se, fez o golo mais bonito da noite.
Pelo segundo ano consecutivo, o Benfica apura-se para os oitavos de final da Liga dos Campeões, uma campanha que começa a fazer lembrar a do Ajax em 2018/19 quando os neerlandeses chegaram às meias-finais da liga milionária para surpresa de todos. Para já, os encarnados estão solidamente nos quartos.
A Figura
Gonçalo Ramos – Com dois golos e uma assistência fica difícil não destacar o avançado do Benfica. Ainda assim, de salientar o que Rafa fez dentro das quatro linhas, realizando claramente o melhor jogo desde que regressou de lesão. No entanto, o ponta de lança foi decisivo para selar a passagem à próxima fase da Liga dos Campeões.
O Fora de Jogo
Clinton Mata – Mesmo com a ajuda de Sowah a defender o corredor direito, teve muitas dificuldades em lidar com Grimaldo e a companhia encarnada que, com menos frequência do que o espanhol, mas com igual perigo, por ali foi aparecendo. O trabalho defensivo era tanto que depois não queria mais do que ver-se livre dela.
BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
O Bola na Rede foi impedido de fazer questões ao treinador do Benfica, Roger Schmidt.
Club Brugge
Bola na Rede: Apesar de tudo, esta foi a primeira vez que o Club Brugge esteve nos quartos de final da Liga dos Campeões. O que é que levam desta experiência para o futuro?
Scott Parker: Foi muito importante para a equipa estar nesta fase da competição. A equipa tem que estar muito orgulhosa do que alcançou esta temporada, mas acabou por ser curto para nos qualificarmos para os oitavos de final. A equipa tem que estar orgulhosa."
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