Últimas indefectivações

quarta-feira, 1 de março de 2023

Hesitantes começos são bons presságios


"A vinda de Alberto Ló para o Benfica, embora difícil e atribulada, enriqueceu o ténis de mesa encarnado

Em 1958, no auge do ténis de mesa português, de Macau veio Alberto Ló (1924-1975), professor primário diplomado em língua chinesa, cujo nome em sinograma se lia Ló Kam Sun.
A sua arte com a bola de celuloide ajudou a rechear o palmares do Benfica, já por si uma potência, conquistando 35 títulos oficiais, entre regionais e nacionais, individuais e coletivos, não contando com os torneios que venceu na quase totalidade. Mas como chegou Ló ao Benfica?
Em 1956, o mesa-tenista macaense integrou a seleção portuguesa no Campeonato do Mundo de ténis de mesa, em Tóquio. Foi no país do sol nascente que João Antas, presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, tentou convencer Ló a rumar á metrópole. Este recusou, alegando que a distância a que ia estar da mulher e dos filhos não lhe poderia trazer vantagens. No entanto, as vitórias que logrou no Mundial deram-lhe outra perspectiva.
Meses depois, o mesmo Antas, que era sócio e mesa-tenista do Benfica, voltou a contactá-lo, mas agora propondo-lhe competir de águia ao peito. Alberto Ló assentiu então, prevendo que teria mais tempo para se dedicar ao seu potencial de atleta. No começo de 1958, embarcava para a metrópole.
A chegada previa-se para a noite de 5 de Janeiro, sábado. No aeroporto da Portela representava-se em peso o ténis de mesa encarnado, entre dirigentes, antigos seccionistas e glórias como Oliveira Ramos, Campas e o próprio João Antas.
A recepção foi, no entanto, adiada, pois o avião que trazia o macaense não pôde aterrar em Lisboa devido ao cerrado nevoeiro que pairava na pista. O mesmo motivo o obrigou a desviar-se de Madrid e a aterrar em Barcelona. Apenas na noite de domingo o mesa-tenista de 33 anos pôde apresenta-se à secção, exibindo-se com 'o seu estilo clássico', defendendo e atacando 'com segurança de qualquer dos lados'.
Estreou-se em 31 de Janeiro na Taça de Portugal, frente ao Sporting D(2-3), com duas vitórias. Fez o último jogo seis anos depois, e 4 de Novembro de 1963, para a Taça Diário Popular, mostrando-se 'numa forma técnica e física como poucas vezes lhe temos visto. Uma espécie de Coluna do ténis de mesa'.
No dia 10 seguinte, o mago da raquete que fazia sestas de duas horas nas tardes dos dias de jogo despediu-se da massa associativa do Clube, durante o intervalo do jogo de futebol com a Académica.
Conheça outros campeões do ténis de mesa benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!