"Diz-se do vinho que melhora com a idade, mas um carrascão, por muitos anos que mature, nunca passará de um carrascão. Um carrascão velho, ultrapassado e intragável. Numa palavra, lixo.
Os recorrentes espectáculos degradantes protagonizados pela estrutura do FC Porto - o que se passou após o final da partida em Moreira de Cónegos, como em tantas outras, já não surpreende - vão subsistindo com a conivência, por omissão de consequências sérias, dos órgãos disciplinares do futebol.
Só num país complacente com a mediocridade paternalista até ao tutano, indulgente fervoroso, atrozmente cobarde e pululado por demasiados calculistas subservientes ao poder informal, resultante numa impunidade generalizada, é possível que gente desta persista em comportamentos que deveriam fazer corar de vergonha quem os perpetra e, sobretudo, quem se deixa representar por estas tristes e indecorosas figuras. Diz-se que as pessoas passam, e a instituição fica, mas já são 40 anos disto, tornando-se tarefa onírica tentar distinguir entre clube e adeptos. E não faltam homenagens, loas e servilismo ao líder, de babados e interesseiros, que nos permitam sequer tentar essa distinção.
Mas o que se passa no campo (parte pelo menos) tem o condão de poder ser visto por todos. Não que haja grandes consequências ou se tirem as devidas ilações, mas é já alguma coisa. Fora dele, no entanto, são raras as ocasiões em que nos é permitido perceber a verdadeira extensão de uma forma se estar e ser que há muito deveria ter sido banida do futebol. As ameaças e agressões a um jornalista fora, desta vez, filmadas. Desta vez, saliente-se. Quantas mais, filmadas ou não, voltarão a acontecer sem repercussões significativas?"
João Tomás, in O Benfica
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