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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Bastos - O adeus a uma glória


"Ontem partiu mais uma glória, José Bastos. Tinha 91 anos.
Bastos era o derradeiro sobrevivente entre os campeões latinos, um dos obreiros de um dos maiores feitos da história do Benfica.
Corria o ano de 1950 e acabáramos de nos sagrar campeões nacionais, o que nos valeu o convite da Federação Portuguesa de Futebol para sermos o representante português na segunda edição da Taça Latina, uma prova oficial considerada predecessora da Taça dos Clubes Campeões Europeus e que era realizada no final da temporada e organizada pelas federações portuguesa, espanhola, francesa e italiana.
Na meia-final derrotámos a Lázio, por 3-0. O adversário seguinte foi o Bordéus, naquela que terá sido uma das finais mais longas da história do futebol. Ao empate a três bolas verificado após prolongamento procedeu-se a um jogo de repetição passada uma semana. A 18 de junho teimava o empate, 1-1 era o resultado no final do tempo regulamentar (Arsénio empatou em cima do apito final), o qual se manteve inalterado no prolongamento. O jogo prosseguiu até que se encontrasse um vencedor, que acabou por ser o Benfica, quando Julinho, aos 146 minutos, finalmente desfez a igualdade.
Bastos alinhou nas três partidas, tinha apenas 20 anos e já merecia a confiança do treinador inglês Ted Smith, sendo, ainda hoje, um dos mais jovens guarda-redes de sempre a merecer a titularidade na defesa da baliza benfiquista. Anos mais tarde chamaram-lhe o rei do sono por transmitir uma calma impressionante no desempenho da sua função em campo.
Ao longo de onze temporadas de águia ao peito na equipa de honra do Benfica, Bastos alinhou em 274 jogos (196 em competições oficiais) e contribuiu para a conquista de uma Taça Latina, três Campeonatos Nacionais e cinco Taças de Portugal. Prosseguiu a carreira no Atlético, participando, pelo clube de Alcântara, no jogo que marcou a estreia de Eusébio pelo Benfica, sofrendo, na Luz, três golos do jovem chegado de Moçambique meses antes. Diria depois de Eusébio que nunca vira alguém rematar com tanta potência.
Bastos deixou sempre um lastro de simpatia, humildade e inteligência por onde passou, deixando saudade a todos os que tiveram o privilégio de privar com ele. Foi também um grande benfiquista, fazendo sempre questão de manifestar o seu benfiquismo e de marcar presença no Estádio da Luz, só impedido de o fazer nos seus últimos meses de vida por força da pandemia.
O Presidente do Sport Lisboa e Benfica, em nota oficial, manifestou "as mais sentidas condolências por alguém que nos deixa uma profunda saudade" e que se trata de um "símbolo histórico" do Benfica. 
Descansa em paz, José Bastos."

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