"O sucesso relativo pode tornar-se inimigo da gestão desportiva. Os dirigentes ficam reféns ou resguardam-se simplesmente nos «bons trabalhos» e é mais fácil tomar a decisão popular: optar pela não-decisão de ficar com o que até não foi tão mau quanto isso em vez de se apontar baterias para o médio prazo. É dado demasiadas vezes o benefício da dúvida.
Keizer foi isso. As duas taças, somadas a um outro bom momento na Liga, não confirmados por classificação acima do terceiro lugar, chegaram para renovar a aposta. Aconteceu com Solskjaer em Manchester no pós-Mourinho e em Barcelona com Valverde, embora com contornos diferentes, já que no Camp Nou reside um dos grupos mais talentosos da história. Compensaram-se duas humilhações na Liga dos Campeões - o grande objectivo - com títulos nacionais, e Valverde continua. Nunca se foi tão longe, contudo, como no Real Madrid. Claro que os merengues são mais valor à orelhuda do que à liga, mas teve de ser Zidane a perceber que não conseguiria manter-se na rota do sucesso, mesmo que apenas além-fronteiras, e a abdicar do cargo, confirmando mais tarde, com um regesso precoce e menos inteligente, o realismo desse momento de lucidez. Há obviamente o outro lado: um Bayern que não se conformou com o treble de um Heynckes aborrecido com a reforma e posicionou-se para dominar o mundo através de Guardiola, o que não aconteceu. Só que ninguém garante também que o conseguiria novamente com o antecessor. As melhores decisões são muitas vezes difíceis e acarretam risco. É por isso que é importante que os decision makers percebam realmente de futebol. Não chega não-decidir. É preciso encontrar treinadores que realmente tenham impacto positivo e duradouro, e não apenas emocional, nas equipas. Tal com melhores jogadores."
Luís Mateus, in A Bola
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