"O próximo mercado será o primeiro grande teste ao projecto de Vieira de um Benfica europeu tendo como base os jogadores formados no Seixal. Para que se concretize será, naturalmente, preciso que na Luz se consiga segurar, por período considerável, as principais pérolas, missão complicada quando se está rodeado de predadores para quem dinheiro não é problema. Serão, é seguro dizer, vários os jogadores que testarão a real capacidade do presidente encarnado para levar avante o seu ambicioso plano. Rúben Dias, Florentino, Ferro, Gedson e até Jota começam a dar demasiado nas vistas e os grandes tubarões não tardarão a rondar. Mas nenhum outro como João Félix colocará Vieira à prova.
É normal que o Benfica pretenda aumentar a já galáctica cláusula cláusula de €120 milhões para estratosféricos €200 milhões. Tal como normal é que quem representa Félix, e, até, o próprio jogador, batam o pé, preferindo aproveitar já oportunidade que (no futebol nunca se sabe...) até pode ser única. Poderia - acreditando-se quando disse que tem, hoje, o Benfica condições para isso - Vieira aumentar João Félix para valores que o fizessem pensar duas vezes antes de dar o salto. Mas ficaria, ainda assim, sempre longe daquilo que, financeiramente e desportivamente, o jovem craque pode ganhar se aceitar uma das propostas que lhe chegarão - se é que não chegaram já. Por isso terá dito Rui Costa que há jogadores que, por muito que se queira, não se consegue segurar. Jogadores como João Félix.
Cruel? Apenas a realidade de um futebol que há muito se transformou num negócio. O dinheiro manda, convençamo-nos disso. E convenhamos: há algum clube português que possa, realisticamente, resistir a uma proposta de três dígitos? Pois."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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