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sábado, 12 de janeiro de 2019

A escolha dos jogadores, os modelos de jogo, as dificuldades e as incidências do jogo: o clássico de Keizer e Conceição

"Escolha dos jogadores
Marcel Keizer estreia-se nos jogos “grandes” contra o FC Porto. E se temos vindo a desfazer algumas dúvidas relativamente ao que o treinador pretende dos jogadores, e à forma como reage às incidências do jogo, nos jogos grandes ainda não o vimos. Teremos que esperar para perceber se irá manter a estrutura no onze inicial ou se poderá ter uma abordagem mais cautelosa. Não apenas na escolha dos jogadores, mas na forma como vai tê-los posicionados em campo.
Nos jogos grandes, Sérgio Conceição tem variado a composição da equipa, na forma como coloca os jogadores em campo. Se houve jogos em que optou por manter o sistema habitual, noutros o 1-4-3-3 foi a escolha. Mesmo que por vezes tenha optado pelos dois avançados habituais no onze inicial, Marega ocupava o corredor do lado direito, e entrava mais um elemento para o meio-campo.
Tendo em conta o momento de maior confiança que o FC Porto vive, e o momento do Sporting, o treinador portista deverá optar pelos jogadores habituais, no sistema de jogo habitual, podendo dessa forma tirar maior proveito das fragilidades do Sporting.

Modelos de jogo
O Sporting tenta construir uma identidade onde os jogadores ataquem de forma diferente da que estamos acostumados a ver por cá. Quer utilizar os três corredores em todas as fases do jogo, e fugir dos passes habituais do lateral para o extremo ao longo da linha. Está a tentar impor uma forma de atacar que não é tão óbvia para os jogadores e tenta defender-se reagindo rápido à perda.
O FC Porto é mais conservador: não arrisca tanto em zonas mais próximas da própria baliza e no meio-campo defensivo raramente tenta ligar pelo corredor central. No meio-campo ofensivo, já procura variar mais do que no passado os movimentos de ruptura dos avançados com os de aproximação. E tem em Brahimi o elemento preponderante para ligar o jogo entre a construção e a criação, uma vez que Óliver Torres, como se previa, deixou de ser opção regular.
São duas equipas que, apesar de não se parecerem na forma como tentam atacar, fazem tudo rápido. O FC Porto mais do que o Sporting, por força das características dos jogadores e do que o treinador pede; o Sporting talvez por não ter ainda percebido que velocidade Keizer quer, e em que situações quer mais rápido ou mais lento.

Dificuldades
O Sporting tem experimentado dificuldades em impor o jogo que quer fazer porque os adversários têm-lhe fechado canais que estavam sempre abertos em momentos anteriores. Mas, não é por os adversários saberem o que os outros vão fazer que os conseguem parar. Ou melhor, é também por isso, mas a razão fundamental não é essa.
Veja-se o FC Porto, com o tempo que o treinador tem e com grande parte das dinâmicas a manterem-se, que consegue sempre de alguma forma romper e criar situações para marcar. Em organização, transição ou nas bolas paradas. Mas consegue colocar os avançados na cara do golo em quase todos os jogos, diversas vezes.
O problema do Sporting é que o treinador e os jogadores ainda estão a conhecer-se e a adaptar-se uns aos outros. Por isso, os timings e a percepção das situações não são os melhores. E há outro problema: a qualidade dos jogadores. Para expor tanto os laterais como Keizer quer, eles teriam que ser jogadores de um nível diferente. Isto é, que ajudassem a equipa a defender com bola. Não o sendo, não só colocam em causa as situações de ataque, que resultam em perdas quando a bola lhes chega aos pés, como depois não estão tão preparados para fechar o espaço e ajudar os jogadores mais recuados na transição defensiva.
É por aí que o FC Porto tentará atacar, explorando a velocidade dos seus avançados. Como não se importa de não ter a bola, vai ganhar espaço para que a melhor característica de Marega apareça e pode por aí destruir um Sporting à procura do encontro perfeito entre treinador e jogadores.
Porém, também o FC Porto poderá sofrer com a forma pouco convencional como o Sporting ataca, uma vez que a sua organização defensiva costuma permitir muitos espaços. Ainda que num jogo destes a concentração esteja no máximo, devem aparecer espaços entre os defesas e os médios e entre Danilo e o(s) outro(s) médio(s). O FC Porto não sofre tanto porque os adversários não têm tido capacidade para expor as suas dificuldades defensivas e também porque tem monstros do ponto de vista físico lá atrás.

Incidências do jogo
O Sporting deverá ser a equipa mais afectada caso o marcador esteja desfavorável, porque tem demonstrado em jogos passados não reagir nada bem quando fica em desvantagem. Como a identidade ainda está longe da solidez que se necessita para que a equipa esteja tranquila em momentos de aperto, o jogo cai drasticamente. Deixam de jogar o jogo que treinam e passam a jogar um jogo onde a única solução é colocar o mais rapidamente possível a bola na área. Mesmo Keizer deu um sinal nesse sentido contra o Tondela, quando tira Nani para colocar em campo André Pinto. Porém, em vantagem, o Sporting pode ganhar balanço para uma exibição de bom nível.
Já o FC Porto, tendo em conta o momento excepcional que vive, com as 18 vitórias consecutivas, com a confiança que respira, deverá manter-se igual a si próprio. À imagem do seu treinador. O tempo de trabalho e o sucesso anterior fazem com que esteja bem vincada a personalidade da equipa e o treinador sorri porque conseguiu convencer o seu grupo a segui-lo. Mesmo no treino, os jogadores exigem uns dos outros que sigam determinada linha e determinado padrão comportamental para que possam chegar todos, juntos, ao mesmo destino. Não apenas por ser essa a exigência do treinador, mas sobretudo por perceberem que é a melhor forma de tirar partido e de elevar as características da maior parte deles."

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