"Na partida entre Benfica e Barreirense, quem mais deu nas vistas foi o árbitro
A 5 de Outubro de 1936, o Benfica defrontou o Barreirense, numa partida acordada na transferência de Raúl Baptista do Barreiro para os 'encarnados'. O Benfica aproveitou a ocasião para prestar homenagem ao seu presidente e organizou a Taça Vasco Ribeiro. Estavam reunidas todas as condições para um bom jogo de futebol: um troféu, duas boas equipas e algumas centenas de adeptos nas bancadas.
O Clube aproveitou para fazer algumas experiências e na primeira parte 'alinhou praticamente com quasi a sua «reserva»'. O avançado Espírito Santo, a cumprir a sua primeira época de 'águia ao peito', despertou a atenção da imprensa: 'revelou habilidade e espírito combativo que o leva a dar sempre luta ao adversário e ganhar lances que pareciam perdidos'. Mas em campo houve quem se destacasse mais. O 'árbitro (...) talvez, por estar apressado (...) no primeiro tempo assinalara o intervalo cinco minutos antes e tivera de reparar o equívoco voltando a chamar ao campo os dois grupos'. Os jogadores voltaram atrás e disputaram o tempo que estava em falta.
Na segunda parte, o Benfica fez entrar alguns habituais titulares, o que resultou num maior domínio por parte dos benfiquistas. Contudo, a partida chegou ao final do tempo regulamentar com os conjuntos empatados a zero. Mais uma vez, o juiz da partida evidenciou-se. Deu por terminado o encontro aos 90 minutos. Depois de alertado de que havia um troféu em disputa, e como tal seria necessário jogar-se mais 30 minutos, chamou novamente as equipas para o campo. Contudo, os atletas do Barreirense recusaram, 'alegando que já estavam em trajes menores no vestiário'.
Os ânimos exaltaram-se, nos camarotes os dirigentes dos dois conjuntos trocaram 'frases mais expressivas' e foi necessária a 'intervenção diplomática para evitar o risco de corte de relações'. Não se chegou a acordo e a Taça Vasco Ribeiro permaneceu na posse dos 'encarnados'.
Pode ficar a conhecer mais sobre Vasco Ribeiro, presidente do Benfica entre 1933 e 1936, na área 28 - Homens do Leme do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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