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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

AG: os tempos e os modos

"A Assembleia Geral, sendo sempre um momento de exame a reflexão do Benfica, constitui, não menos, uma soberana ocasião para exaltarmos o fervor democrático do maior clube português, que hoje e sempre há de prevalecer como o seu fundamento essencial. Ao contrário dos rivais mais conhecidos, com cujas reuniões, preferentemente, se cultivam com maior afinco desgraçados populismos ou decisões sempre indiscutidas, o Benfica sempre se vestiu de fala para enfrentar objectivamente as suas realidades; sejam elas mais ou menos favoráveis e positivas.
Num clube com a dimensão do Glorioso - em 'velocidade de cruzeiro', as nossas Assembleias Gerais ordinárias têm quase sempre três, cinco, dez vezes mais participantes do que as reuniões dos outros. Os Sócios do Benfica acorrem geralmente em grande número às sessões magnas e são sempre muitos aqueles que se inscrevem para se pronunciar, com as suas sensibilidades próprias, acerca dos assuntos constantes da 'Ordem do dia', ou nos tradicionais pontos para o tratamento de 'Outros assuntos', confrontando directamente os corpos sociais ali presentes.
Conhecemos grandes oradores que, ao longo dos tempos, habitualmente se distinguiam das intervenções comuns, pelo brilho das suas exposições; mas muito recordemos também, Sócios que não conhecíamos e que, chegados aos pavilhões, vindos do centro da cidade, ou dos confins transmontanos, das Beiras ou do Alentejo, de repente, reunião após reunião, passavam a salientar-se na simplicidade dos seus argumentos, pela genuinidade e fortaleza do seu sentimento Benfiquista.
Aqui, há trinta ou quarenta anos, uns e outros, tantas vezes, conseguiram reverter ou acentuar as tendências em que uma Assembleia decorria... Uns e outros, dos 'retóricos' ou dos 'populares', tiveram o dom de galvanizar, de modo diferenciado e absolutamente motivador, milhares dos seus consócios mais indecisos quanto à decisão mais oportuna... Por seu turno, do lado dos corpos sociais do Clube, das diferentes interpretações dessa verdadeira 'arte' que é saber gerir e conduzir as matérias, a forma e a cadência das intervenções dos Sócios nas nossas magnas sessões, também nos vêm à memória exemplos inesquecíveis e estilos verdadeiramente inconfundíveis, que também não irei nomear.
Hoje, em pleno século XXI, a essência material dos conteúdos das reuniões ordinárias permanece. Mantém-se o tal fundamento essencial do 'fervor democrático' que caracteriza, para sempre, o clube de Cosme Damião e Félix Bermudes. Mas, em todo o caso, os tempos e os modos das Assembleias Gerais do Sport Lisboa e Benfica são diferentes.
O que, no entanto, do meu ponto de vista, não é aceitável, nem sequer concebível, são os impropérios e as faltas de respeito em sessões da Assembleia Geral do Benfica. Ainda que sejam vindos da mesmíssima escassa parte de umas poucas dezenas de Sócios excêntricos que nestas ocasiões persistem na obstinação das suas fantasias - pelo respeito que todos devemos ao Sport Lisboa e Benfica e a todos os seus institutos, entendo que a própria Mesa, em tais circunstâncias, tem o dever de, cautelarmente, tecnicamente, precaver e pôr cobro a todos os comportamentos antissionais que venham a verificar-se."

José Nuno Martins, in O Benfica

2 comentários:

  1. Em pleno acordo.

    Em qualquer AG são sempre os mesmos.

    Um assobia de um lado e a partir daí a malta da praça localizada estrategicamente em várias zonas começa com uns impropérios, escalando até onde os deixarem chegar.

    São uma ínfima minoria que tenta criar confusão que acaba sempre em nada.


    Van Helsing

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