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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Final Universitária de Futebol

"Se ainda não o viram procurem (o vídeo) e observem aqueles 50'' de absoluta podridão.

Na passada 6.ª - feira, jogo-se em Aveiro a final nacional do campeonato universitário de futebol. A competição, que se realiza há vários anos, visa criar dinâmicas sociais e desportivas entre equipas representantes das várias universidades do país. Trata-se de um evento positivo, bem pensado, que representa o que há de melhor do desporto universitário.
Este ano, o jogo decisivo foi disputado entre a Associação foi disputado entre a Associação Académica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a Associação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. No final da partida (ganha pelos estudantes do Porto por um a zero), assistiu-se ao que se pode considerar um dos piores momentos de sempre do desporto universitário: vários jogadores da AAUTAD e outras pessoas a si associadas, insultaram, confrontaram, perseguiram e agrediram os árbitros os árbitros que dirigiram a final. Os empurrões, socos, pontapés e arremesso de garrafas na direcção dos juízes ficaram registados em vídeo, que felizmente circula na Internet.
O jogo, transmitido em directo pelo site da FADU, foi de imediato apagado, o que é bem elucidativo.
O exemplo dado por aquele conjunto de jovens (alguns estudantes universitários na UTAD, outros ex-alunos e/ou actuais jogadores de futebol em equipas de Vila Real) foi miserável, censurável e repugnante. E não o digo assim porque desta vez o alvo foram árbitros. Digo-o porque o que todos podemos ver nas imagens é algo absolutamente medieval, grotesco e inaceitável mas particularmente grave por ter partido de miúdos que frequentam o ensino superior. Os comportamentos de alguns foi verdadeiramente primata e nunca pode ou deve ser atenuado porque a bola não entrou, porque o juiz errou ou porque 'há falta de um correcto enquadramento axiológico de quadro de valores inerentes ao desporto enquanto fenómeno social (...)'.
O que aquele vídeo mostra é a antítese pura do espírito desportivo, que o IPDJ e o PNED tanto lutam e investem para defender e enaltecer. Mostrou o lado mais feio de quem não sabe o significado de cidadania, ética e respeito. Deixo-vos um desafio. Se ainda não o viram, procurem-no e observem aqueles 50 segundos de podridão.
No meio de tudo isto, o mais triste é perceber que não se tratou apenas de um momento de menor contenção, de exaltação pontual ou de emoção exacerbada. Foram actos continuados de selvajaria, ao que se sabe habituais nos jovens jogadores daquela Associação de Estudantes, ao longo do seu vasto percurso no futebol universitário.
Importa deixar uma palavra de admiração ao reitor da UTAD - que não pode nem deve ser confundido com actos isolados de alguns alunos - que desde logo condenou o sucedido e exigiu responsabilidades.
Confesso que aguardarei pelo resultado do inquérito que a reitoria abriu, bem como pela reacção da AAUTAD, que penso não se rever naqueles comportamentos (e saberá demarcar-se deles).
As boas notícias são que as imagens estão já nas mãos das autoridades e os autores das agressões identificados. A própria AF Vila Real terá também uma palavra importante a dizer, até porque alguns daqueles jogadores actuam em campeonatos por si organizados.
Importa, por fim, realçar que nada me move contra garotos que praticam em campo a má formação que tiveram na vida. O que me move é a vontade de erradicar do desporto quaisquer tipos de actos de violência,seja onde for, contra quem for.
Acredito na prevenção, na força das acções de sensibilização e no diálogo. Estou e estarei sempre na linha da frente para participar em tudo o que incentive e promova o desportivismo. Mas nunca deixarei de denunciar e expor situações limite, péssimos exemplos para os mais jovens, como o de sexta-feira.

Nota - O (jovem) árbitro ficou com hematomas visíveis nas penas, costas e rosto. Foi agredido várias vezes, por várias pessoas e recebeu assistência médica posterior. Pediu à organização por policiamento (ao intervalo), pretensão não atendida. E é isto."

Duarte Gomes, in A Bola


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