Últimas indefectivações

domingo, 2 de abril de 2017

Dia de verdade

"Há sete finais que se aproximam. Os primeiros e os últimos 20 minutos do Benfica de ontem geram esperança e muita fé acrescida.

Ontem, num Estádio da Luz com um ambiente extraordinário, o Benfica manteve a liderança e o Futebol Clube do Porto não perdeu a esperança. Ontem no final do dia das mentiras assistimos a um final de um dia que mostrou de verdade a qualidade do futebol português. O Benfica merecia ganhar. O Futebol Clube do Porto, como se constatou nos últimos minutos, quis empatar. Uma vez mais Casillas teve uma noite de gala em relvados de Portugal. Mas importa referenciar ainda Carlos Xistra. Mostrou que sabe combinar experiência com paciência. Mostrou que conhece os jogadores. E cada um deles percebeu que se tinha que empenhar apenas no jogo e não nos sobressaltos da partida. No final, no final mesmo, o Benfica continua a depender apenas de si próprio. E a equipa de Nuno Espírito Santo já só depende de terceiros. O que é o facto principal que resulta do final do jogo da Luz. Em que a verdade do futebol jogado e do futebol pensado pelos treinadores importa ser realçado e sublinhado. Já que é desta forma que os estádios se enchem. Com a certeza que cada adepto gosta de assistir a jogos com esta emoção e com este fervor. Com esta entrega e com esta disputa. Com a consciência que no final há uns desiludidos e outros comedidos. E há outros que no seu dia de anos partem, com alegria contida, para uma ceia compensadora. Sabendo que há sete finais que se aproximam. Mas com a certeza que os primeiros e os últimos vinte minutos do Benfica de ontem geram esperança. Muita esperança. E logo fé acrescida!
(...)

Se faltam sete jornadas para o final da Liga principal falta nove para o apito derradeiro da Liga 2. E importa acompanhar, com algum cuidado, esta Liga. Não só pelos dois que ascendem ao futebol que proporciona receitas televisivas significantes - quase que um múltiplo de dez em relação a esta Liga 2! - como, igualmente, pelos quatro clubes que descem directamente ao denominado Campeonato de Portugal - de verdade a antiga terceira divisão! - como, ainda, pelos dois clubes que vão disputar a permanência com os segundos classificados de cada uma das zonas de subida daquele campeonato. E se é claro que o Portimonense já subiu e o Olhanense já desceu - boa e má notícia para o Algarve - é notório que a disputa pela não descida envolverá quase dois terços dos clubes participantes naquela liga que tem como principal patrocinador uma empresa chinesa. A disputa vai ser dura. Nos relvados e fora deles. E sabem que desde o Leixões - penúltimo classificado - ao Penafiel e ao Gil Vicente - em 10.º e 11-º lugares - a diferença é de doze pontos. Com vinte e sete pontos em disputa e em discussão. Mas importa olhar com muita atenção para estes jogos finais. Sabendo que há interesses cruzados em alguns clubes. Conhecendo, de experiência sentida, que a pressão de grupos de apostadores pode perturbar consciências e, até seduzir alguns ingénuos ou pretensamente ingénuos. E tudo com a consciência que não sendo uma Liga vista tudo poderá ser mais fácil. E, aqui, convém sublinhar, e evidenciar, as acções que as autoridades de investigação estão a desenvolver o que demonstra, à saciedade e à sociedade, que há comportamentos não tolerados e que há conluios que estão a ser fiscalizados e a ser objecto de cuidada avaliação. Ou seja, temos a consciência que o direito está a vencer o torto e que nem só o que é muito visto é que existe! Os sinais que o Ministério Público e a Polícia Judiciária assumiram esta semana merecem público reconhecimento. Não podendo valer aqui a reflexão de Aristóteles: «O reconhecimento envelhece depressa»! O que importa é que tudo se jogue só nos relvados. E que tudo o que se tente jogar fora deles seja perseguido. Por todas as entidades. As deste Estado e as desportivas. Sabendo que estas podem aproveitar os meses próximos legislarem acerca de situações bem específicas, por demasiado liberais, do nosso futebol, em particular do futebol profissional!"

Fernando Seara, in A Bola

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