"Esta semana dedico a minha crónica a Armando Abreu Rocha, falecido na semana passada. Conheci-o há quase três décadas e cedo me apercebi se tratar de um homem que vivia intensa e apaixonadamente o Sport Lisboa e Benfica. Sempre disponível para ajudar o clube, foi testemunha privilegiada do período da história benfiquista que mais me fascina (a década de 50), a qual considero, devido à construção do estádio da Luz, ao incremento do movimento associativo e às bases lançadas na organização do futebol, ter sido fulcral para o engrandecimento ímpar da instituição. Por isso telefonei-lhe em Outubro último, com o objectivo de recolher um depoimento sobre a conquista da Taça da Latina e saber um pouco mais sobre o presidente Joaquim Ferreira Bogalho, o 'homem do estádio'.
O entusiasmo com que descreveu a epopeia da Taça Latina - 'Houve muita gente que, quando ouviu os festejos do golo do Arsénio que deu o empate no último minuto, voltou a correr para o estádio' - e traçou a personalidade e empenho de Bogalho, acicatou ainda mais a minha curiosidade, levando-me a iniciar uma sessão prolongada de perguntas que, dadas as respostas recheadas de informaçao e detalhes interessantes, resultou numa conversa que durou três horas e que muito me enriqueceu enquanto benfiquista.
A sua curta passagem pelo cargo de treinador de basquetebol, interrompida durante catorze jogos para dar o lugar a Otto Glória(!), não foi esquecida.
Contou-me que tencionava proceder a algumas alterações que poderiam não cair bem nos sócios e como Bogalho que o tratava por 'Engenheiro', o incentivou a proceder como muito bem entendesse.
Tenho pena que essa tenha sido a nossa última conversa."
João Tomaz, in O Benfica
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