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domingo, 1 de maio de 2016

Ponta a ponto

"1. Ponto a ponto. É a lei dos dois primeiros classificados. Nenhum perde pontos. Nenhum pode perder pontos. Ontem o Sporting ganhou, com mérito, a um Futebol Clube do Porto que perdeu o seu habitual ânimo e a sua usual dinâmica. Agora é a concentração total na final da Taça de Portugal. O Sporting mantém a disputa acesa pela Liga e cada um dos dois jogos que faltam será jogado de verdade em dois relvados. O Sporting procura que uma das duas equipas da Madeira que defrontam o Benfica - Marítimo e Nacional - lhe tire pontos. O Benfica sabe que só depende dele. O Sporting depende de outros. O Sporting sabe que ainda pode tudo. O Benfica sabe que vale tudo. O Sporting tudo fará para ganhar. O Benfica sabe que tem de fazer tudo, mesmo tudo, para não perder qualquer ponto. O Sporting utilizará todos os meios para perturbar e condicionar o Benfica. O Benfica está alerta, como sempre, para o conjunto dos jogos e das suas específicas circunstâncias. Vão ser os dois próximos fins de semana bem emocionantes. Na luta pelo título. Na luta pela Europa e os seus últimos lugares de acesso. Na renhida e sofrida luta pela manutenção. Na luta, igualmente, na segunda Liga pela subida à Liga que gera milhões em receitas televisivas o Chaves, Portimonense e Feirense parecem estar na acesa luta! E estas lutas por cá são tão emocionantes quanto o saber se o Leicester, hoje ou amanhã, se sagrará, com surpresa mundial, vencedor da milionária Liga inglesa. Por cá na nossa Liga faltam duas finais. Ponto a ponto tudo se decidirá. De Alvalade ao Funchal. Da Luz a Braga. As cidades, em obras ou sem elas, das nossas atenções nos próximos quinze dias. Com imensas paixões. Que se conjugam necessariamente, com queixas. Como as que escutámos ontem a partir do apito final no Estádio do Dragão.
2. Na passada sexta feira o Benfica, em esforço, conquistou mais três importantes pontos. Foi um jogo difícil face a um voluntarioso Vitória de Guimarães. Bem organizado e que paralisou, em parte, este Benfica que sabe que cada jogo é uma verdadeira final. E sabendo parar o jogo em determinados momentos. Com a compreensão, poderia dizer que por vezes exagerada, da equipa de arbitragem. Mas como se diz agora «é a vida»... Ou «da vida»! E sabendo o Benfica, este Benfica, que tem múltiplos adversários. Uns conscientes e assumidos e outros escondidos e meros aliados tácticos de outros emblemas. Mas este Benfica sabe que tem de contar, apenas, com a sua força, o seu esforço, a sua experiência, a sua vontade, a sua entrega, necessariamente neste momento a sua superação. Por mim a essência é a Liga. A Taça da Liga não é prioridade. O que ambiciono mesmo esta época é a conquista do tri! Este Benfica sabe, ainda, que conta, sempre, com o apoio total dos seus adeptos. Em todos os momentos. E em todas as provas. Este Benfica sabe que, no próximo domingo, milhares de benfiquistas se deslocarão, de propósito, à linda Ilha da Madeira e esgotarão o novo Estádio dos Barreiros. Não esqueço que assisti ao Rio-Ave Benfica no Barqueiro, ali relativamente perto deste Estádio. Comi uma barata do mar divinamente cozinhada! Que suave toque de lagosta! E com uma hospitalidade benfiquista, a começar pela dos proprietários desse espaço, que me comoveu. E com a certeza que no próximo domingo a maré benfiquista tomará conta do Funchal. E com a certeza dos números: já ultrapassámos no Estádio da Luz o milhão de espectadores. O que é um número impressionante em termos de espectáculo desportivo ao vivo em Portugal. E importa que estes números sejam conhecidos e reconhecidos. Mesmo por aqueles que gostam de sublinhar uns números e esquecer, por necessidade, outros números! Mas como escreveu Lessing «não há grandeza onde não há verdade»!
3. No passado fim de semana desfrutámos, assim, das maravilhas da Ilha da Madeira. Das suas paisagens únicas. Da sua gastronomia singular. Da sua afectiva hospitalidade. Recordei os momentos, bem distantes, no arranque da minha vida académica, em que ia dar aulas à Madeira. Em que a pista era curta e a viagem até ao Funchal imensa. Uma hora e meia, por vezes. Com muita curvas mas com paisagens arrebatadoras. Agora é (n)um instante. Aterra-se numa pista mais longa - logo mais segura - e de repente estamos no centro da cidade do Funchal, cheia de cor e de flores. Com o sorriso do Jorge Berardo e de sua querida Mulher, percebi que a Madeira está, hoje em dia, oficialmente no topo do trail-running mundial. No Machico, num jantar de delicioso peixe, assisti à chegada de centenas de participantes de uma prova que todos dizem ser de uma beleza extrema. E que implica superação e verdadeira transposição de barreiras. Humanas desde logo. De uma prova que contou com mais de dois mil atletas, oriundos de mais de trinta países. De uma prova de íngremes subidas e de deliciosas descidas. De uma prova que castiga os músculos mas que amacia os olhos. De uma prova que exige muito treino e imenso sacrifício. De uma prova que implica múltiplos esforços e adequados controlos. De uma prova em que os atletas quase tocam nas núvens e chegam à meta bem próximo do mar. Quase o abraçando. De uma prova em que a dor e o prazer se combinam. Furiosamente se completam. De uma prova afinal composta por quatro provas. E a prova rainha tem 115 quilómetros de distância. Percorridos pelo vencedor, o americano Zeck Miller, em quase catorze horas! Os trilhos e as veredas são únicas. E estas provas são, hoje em dia, eventos desportivos bem atrativos. Um dos organizadores disse-me que este MIUT - Madeira Island Ultra Trail - garante um retorno de cerca de 2 milhões de euros. A Madeira está a descobrir uma nova atractividade desportiva. Ao mesmo tempo que está a ser descoberta por mais e diferentes turistas. São tempos novos. Ou novos tempos. A todos os títulos. Como este atractivo e bem duro MIUT!"

Fernando Seara, in A Bola

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