"Não restam dúvidas de que o Benfica de Jesus é temível quando engata aquele carrossel ofensivo que asfixia os adversários. Também é sabido que se trata de uma formação que, de quando em quando, é capaz de defender sem bola, para depois lançar contragolpes letais (foi assim este ano no Dragão). Mas há cinco anos que se sabe também uma outra coisa: estamos perante uma equipa incapaz de controlar um jogo com posse de bola. No fundo, o Benfica ou ataca ou defende sem bola, quando procura pautar o ritmo do jogo; adormecendo-o e mantendo o controlo da bola, a equipa falha.
Bem pode Jesus queixar-se da arbitragem, mas em Vila do Conde manifestou-se uma debilidade que acompanha a equipa há algum tempo: a incapacidade para gerir uma vantagem. O problema, por estranho que possa parecer, foi mesmo o golo madrugador. O que não seria problemático, caso a equipa tivesse continuado a atacar, procurando o segundo golo. Mas como, por motivos insondáveis, a opção foi deixar passar o tempo, quase abdicar de atacar e fazer uma gestão imprudente da vantagem, no final aconteceu o que vinha sendo anunciado: a derrota e, de longe, a pior exibição da temporada.
E, ao contrário do que foi sugerido nas análises à partida, a mudança do sentido de jogo não ocorreu apenas na segunda parte. Durante a primeira metade já se pressentia um Benfica apático, que pareceu estar sempre a jogar em inferioridade numérica no meio-campo e que foi incapaz de esticar o jogo, aproveitando os espaços que um Rio Ave a pressionar alto oferecia.
Mas como nem tudo pode ser mau, não só o que se passou no Estádio dos Arcos deve servir como aprendizagem para os oito jogos em falta (dos quais seis são em Lisboa), como ao FC Porto faltou o estofo de campeão, que surge precisamente nos momentos em que é possível aproveitar as falhas dos adversários."
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