"Houve há dois anos uma transferência futebolística que deixou meio mundo pasmado. Refiro-me a Tiago Manuel Dias Correia, ex-jogador do Vitória de Guimarães, mais conhecido pela afectuosa alcunha de Bebé. Trata-se de um jovem avançado que, embora nunca tivesse jogado um minuto que fosse na Liga Portuguesa, foi transferido para o Manchester United, ao que se escreveu, por nove milhões de euros. Acresce que Sir Alex Ferguson tornou a operação ainda mais extravagante ao ter revelado tê-lo contratado sem nunca o ter visto jogar.
No seguimento do actual pseudo-defeso invernal, parece que finalmente Bebé vai poder jogar na Liga ao serviço do Rio Ave, depois de ter experimentado, sem êxito, o Besiktas, no meio de uma prolongada lesão e da alguma indisciplina (parece ser o fado de jogadores portugueses em terras otomanas).
Enquanto Bebé vai, muda e volta, vim lendo, recorrentemente, notícias sobre as severas dificuldades financeiras por que vem passando o clube de onde foi transferido para Inglaterra. Assim como, amiúde, leio referências à notável proficiência do seu empresário Jorge Mendes.
Tudo visto e revisto, pergunto-me? Onde está a lógica de todo este negócio? O que se passou afinal?
Nestas alturas lembro-me de uma frase que uma vez li a propósito do significado do vocábulo hipótese. Diz assim: «hipótese é uma coisa que não é, mas que a gente faz de conta que é, para ver o que seria se fosse.»
Talvez esteja aqui a explicação: na hipótese. E, como no teorema de que é parte, bom seria que tudo terminasse com a expressão latina. Quod erat demonstrandum, mais conhecida pela aportuguesada sigla CQD."
Bagão Félix, in A Bola
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